Ao que tudo indica, 2021/22 terá a menor moagem de cana-de-açúcar em dez safras. A combinação de uma seca com intensidade que não se via há pelo menos uma década, conforme a Czarnikow, com três episódios de geadas intensas, somadas à já prevista redução de área de plantio e as mais recentes queimadas, estão levando os canaviais do Centro-Sul brasileiro a uma quebra bastante consistente. Com o período de colheita próximo à metade, as consultorias são unânimes ao destacarem a redução. O que varia é o tamanho dela.
Desde a primeira sondagem sobre a temporada corrente até então, as companhias consultadas pelo NovaCana vêm reduzindo seus números. Se no final de 2020, a média das estimativas de moagem era de 584,61 milhões de toneladas, em maio, elas já haviam caído para 575,47 milhões, uma retração de 1,5%.
No mais recente levantamento, realizado em agosto a partir de dados de 26 empresas, 23 delas disponibilizaram suas expectativas de moagem para 2021/22. Na média, o grupo espera que sejam esmagadas 527,89 milhões de toneladas até o final da temporada, volume equivalente a uma retração de 12,8% no comparativo com o fechamento de 2020/21, de 605,46 milhões de toneladas, conforme dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), e um declínio de 8,3% no comparativo com a pesquisa de maio, realizada pelo portal.
As menores expectativas de moagem para o ciclo vieram da RPA Consultoria e da Wilmar International, uma vez que ambas estimam 510 milhões de toneladas de cana em 2021/22. O chefe de análise de mercado de açúcar da trading asiática de commodities, Karim Salamon, destacou à Bloomberg: “Nunca vimos tais condições de safra, com um déficit recorde de chuvas mês após mês. Não há referência de tal estiagem no Centro-Sul do Brasil em um período tão longo”.
Já a RPA destacou sua previsão de redução de área de colheita no Centro-Sul, de 2,4%, e uma produtividade média de 67 toneladas por hectare. Estes números levam a uma regressão ante as últimas nove safras no Centro-Sul. “É apenas superior à temporada 2011/12, que teve moagem de 493 milhões de toneladas”, destaca o CEO da empresa, Ricardo Pinto, em podcast divulgado pela empresa.
Na outra ponta, a maior previsão do levantamento foi da Archer Consulting, com 550 milhões de toneladas. Com tais extremos, esta é a maior discrepância desde 2016 entre a visão mais altista e mais baixista, atingindo 40 milhões de toneladas. O comparativo considera os levantamentos feitos em época semelhante ao atual.
Fonte: Nova Cana