As ações das companhias sucroenergéticas na B3 ainda não refletem totalmente as condições da próxima safra de cana-de-açúcar.
São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3), Cosan (CSAN3) e a “dona” desta última, Raízen (RAIZ4) precisam do verão para mostrarem a que virão.
Como se leva em consideração que os resultados são apurados durante o ano-safra do setor, de abril a final de março, o mercado não tem suporte consolidado para enxergar as condições da oferta de matéria-prima para projeções sobre o mix de produção final.
Do mesmo modo, ainda está pouco clara a relação de demanda açúcar e etanol, especialmente suporte do mercado interno do biocombustível, e que acaba implicando, também, no desvio de cana para um ou outro.
Mais nova na Bolsa, a Raízen, por exemplo, perdeu 25% de valor desde o IPO de agosto, por um guidance negativo – produção menor na cadeia após a quebra geral da safra –, mas mesmo o Bank of America (BofA), acreditando que a ação esteja muito descontada, não trouxe nenhuma perspectiva em relação ao próximo ciclo.
Pode-se contar com uma recuperação parcial dos canaviais do Centro-Sul, longe de haver algum consenso por enquanto.
Se a safra atual fechar em 520 milhões de toneladas aproximadamente – se esperava menos, 510 milhões – o sócio-diretor da RPA Consultoria, Ricardo Pinto, arrisca 554 milhões de toneladas. Lembrando que campanha anterior foi de 605 milhões de toneladas, pelos dados oficiais de União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
As mesmas chuvas que estão melhorando o potencial de produção, sobretudo as aguardadas para janeiro e fevereiro, levam a Safras & Mercado a predizer 560 milhões de toneladas, o analista Maurício Muruci melhorou suas estimativas em 20 milhões de toneladas.
A Canaplan, do presidente da Abag, Caio Carvalho, calcula ao redor de 540 milhões de toneladas, ponderando um número mais real somente para abril de 2022.
Certamente haverá crescimento do mix, sobre os resultados levantados até a primeira quinzena de novembro. A consolidação da safra 2021/22 deverá sair com o relatório dos últimos quinze dias do mês passado, divulgado pela Unica.
No acumulado de abril ao dia 15 de novembro, as usinas produziram 31,8 milhões de toneladas de açúcar, 15,44% menor na contabilidade contra ano.
Em etanol, foram 25,3 bilhões de litros, 8,77% menor, sendo que a produção de hidratado despencou 19,84%.
Além de como as empresas entrarão a safra nova olhando a produção só pelo lado do campo, também irão refletir outros fundamentos que implicam nas tomadas de decisões.
Entre eles, o volume de fixação antecipada de açúcar, aproveitando-se da cotação este ano e do dólar (em geral, fala-se que o mercado como um todo pode ter já compromissadas 11 milhões de toneladas. em exportações), o perfil do ATR (que mede a qualidade da cana), os custos de produção e os cenários de entrega de açúcar pela Índia, principalmente.
O etanol ainda não entra nessa conta porque, como aconteceu em 2021 e 2020, porque não há bola de cristal que dê projeção robusta para o consumo de combustíveis no mundo e no Brasil, portanto o petróleo ainda é uma variável que está no limbo.
De todo modo, a nível setorial a Safras já projeta, de Goiás para baixo, 32 milhões de toneladas de açúcar e 27,5 bilhões de litros de etanol, sendo 18,5 de hidratado.
Os contratos de milho com entrega em março fecharam a US$ 5,91, com alta de 4,50 centavos, ou 0,76%, em relação ao fechamento anterior. A posição maio fechou a sessão a US$ 5,93 por bushel, ganho de 4,25 centavos de dólar, ou 0,72%, em relação ao fechamento anterior.
Fonte: Money Times