Açúcar: Analistas não veem espaço para novas altas no mercado no curto prazo

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Açúcar: Analistas não veem espaço para novas altas no mercado no curto prazo

16/03/2021

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Gráfico de tendência para o mercado do açúcar na Bolsa de Nova York nesta semana – Imagem: Kolhanov.com

 

Analistas do mercado de açúcar não estão apostando em uma retomada consistente de alta nas cotações futuras do adoçante no curto prazo. Uma valorização em Nova York e Londres nas próximas semanas dependeria de novidades nos fundamentos e o rompimento de resistências importantes.

 

"Espera-se que a tendência de baixa continue, enquanto o mercado está sendo negociado abaixo do nível de resistência de US$ 16,70 c/lb, que será seguido pelo alcance dos níveis de suporte de US$ 15,95 c/lb e US$ 15 c/lb", destacou em relatório o analista internacional Anton Kolhanov, da Kolhanov.com.

 

Tecnicamente, para retomada de um cenário de alta ainda nesta semana em Nova York, após máximas de quase quatro meses no início do ano, segundo Kolhanov, o mercado do açúcar precisaria subir acima da resistência de US$ 16,70 c/lb, que seria seguida para outro nível de resistência de US$ 18 c/lb.

 

Por volta das 12h (horário de Brasília), nesta terça-feira (16), o mercado do açúcar bruto na Bolsa de Nova York registrava ajuste de posições, após queda na véspera, com salto de 1,05%, cotado a US$ 16,26 c/lb. Em Londres, o tipo branco tinha alta de 0,61%, negociado a US$ 461,90 a tonelada.

 

No entanto, considerando os fundamentos atuais do mercado, a "diferença entre oferta e demanda mostra um preço coerente no nível de US$ 15 c/lb", pontua Kolhanov.

 

Na sexta-feira (12), a Commodity Futures Trading Comission (CFTC) reportou que os fundos e especuladores reduziram a aposta de alta no mercado do açúcar na Bolsa de Nova York, com queda de 223.020 nas posições líquidas compradas (long) pelos grandes fundos e especuladores na semana anterior, para 212.933 contratos até 09 de março.

 

De acordo com o analista da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, para as cotações no mercado futuro do açúcar em Nova York ficarem acima do patamar de US$ 16 c/lb seria necessária a repercussão de algum fator externo nos fundamentos. "Algum fator exógeno que nesse momento nos escapa à visão", reitera o especialista.

 

"Pode vir do mercado de gasolina que vai entrar na temporada de viagens no hemisfério Norte e que, devido aos problemas climáticos no Texas, obrigando ao fechamento de refinarias, ainda reflete nos estoques disponíveis e nos preços", levanta Corrêa sobre as possibilidades de movimento no mercado.

 

Nos últimos 20 anos, segundo o analista, em apenas quatro ocasiões a média mensal diária de fechamento do açúcar de março foi superior àquela obtida no mês de fevereiro. "A média mensal dos fechamentos diários de fevereiro foi de US$ 16,97 c/lb. Até agora, março acumula US$ 16,22 c/lb", disse Corrêa.

 

O analista ainda destaca que as soft commodities, incluindo o açúcar, não devem fazer parte do chamado novo ciclo de alta das commodities levantado por diversas instituição financeiras e consultorias pelo mundo.

 

"Para se proteger contra um possível recrudescimento da inflação (em função do dinheiro injetado no mercado para ajudar as famílias) os fundos normalmente optam pelos contratos futuros de energia, de metais e de grãos", disse Corrêa.

 

O cenário baixista do mercado também é ressaltado para a safra global 2021/22 (outubro/setembro), com estimativas recentes de consultorias. Em evento online da Datagro na última semana, a trading francesa Sucden apostou que a nova temporada de açúcar deverá ser de um "pequeno superávit", sem citar números fechados.

 

A projeção considera uma safra brasileira de açúcar de 39 milhões de toneladas, uma queda na safra da Tailândia e um aumento na Índia. Com esse cenário, os preços podem sofrer uma queda, mas não devem ficar abaixo de US$ 15 c/lb por muito tempo, segundo o trader sênior da Sucden, Ulysses Carvalho.

 

A consultoria Datagro também vê o balanço de açúcar para 2021/22 no mundo com a tendência de um leve superávit de cerca de 1 milhão de t. "Apesar de um superávit, isso é muito pouco. Qualquer questão climática no Centro-Sul do Brasil, por exemplo, pode virar esse número para baixo", disse Bruno Freitas, analista de mercado da Datagro.

 

O analista também aponta que do lado do consumo ainda há muitas dúvidas no cenário global, já que ainda existem reflexos da pandemia do coronavírus.

 

Na temporada global 2020/21, que termina em setembro deste ano, a estimativa da Datagro é de um pequeno déficit no mundo com uma safra menor no Brasil e em outras importantes origens do hemisfério Norte, apesar de alta na Índia, após três ciclos seguidos de superávit no mundo.

 

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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