Açúcar, óleo, geladeira e carro: os itens que podem ficar mais caros nos próximos meses

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Açúcar, óleo, geladeira e carro: os itens que podem ficar mais caros nos próximos meses

31/05/2021

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Imagem: Suno Research

 

Prepare o bolso. Dados da FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgados nesta sexta-feira (dia 28) mostram que a pressão inflacionária está longe do fim. Nos próximos meses, itens essenciais para o consumidor, como açúcar e óleo de soja, podem ficar ainda mais caros, assim como bens duráveis (geladeira, fogão e até carros).

 

De acordo com André Braz, coordenador dos índices de preços da fundação, essa é a avaliação que é possível fazer a partir do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de maio que, influenciado pela disparada nos preços das commodities, deu um salto de 4,1%, acima das expectativas de analistas.

 

Como esse índice acaba medindo não só a inflação das famílias, mas também dos produtos de agronegócios e da indústria em geral, muitas vezes acaba antecipando o que vai acontecer com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é a variação de preços levada em conta pelo Banco Central na hora de decidir juros.

 

Afinal, a inflação do atacado acaba batendo na inflação do varejo após algumas semanas.  “O IGP-M veio mais forte porque há uma nova pressão de commodities”, explica o especialista. “Dessa vez, o que chamou a atenção foi o minério de ferro, que só no mês de maio subiu mais de 20%. Vimos alta da cana de açúcar, da soja, que são preços que sobem rapidamente no varejo”.

 

De acordo com ele, esse salto nos preços das commodities deve pressionar ainda mais a inflação ao consumidor.

 

“O açúcar deve subir ao consumidor, o óleo de soja também. E o minério de ferro contamina bens duráveis, então geladeira, fogão, carro, máquina de lavar, todos esses bens duráveis, que já estão subindo, podem ficar mais caros a partir dessa pressão do minério”.

 

Afinal, qual a diferença entre o IGP-M e o IPCA? 

O IPCA e o IGP-M consideram fotografias diferentes dos preços da economia.

 

O primeiro está diretamente ligado ao preço do varejo, aquele que os consumidores pagam no momento da compra de produtos e serviços, por isso é considerado a inflação oficial do país.

 

Já o IGP-M, conhecido por ser o número usado nos reajustes de contratos de aluguel, é mais amplo, pois é formado por três índices diferentes: inflação ao produtor (IPA), ao consumidor (IPC) e ao setor de construção civil (INCC).

 

Principal importadora de matéria prima do mundo, a China vem investindo pesado em grandes obras desde o final do ano passado, com o objetivo e estimular sua economia e reduzir os efeitos negativos da pandemia de covid-19. Além disso, os Estados Unidos já anunciaram um pacote de US$ 2 trilhões para gastos em infraestrutura.

 

Tudo isso se soma à retomada sincronizada com outros países, como a Europa, e vem jogando as cotações de produtos como o minério de ferro e o aço lá para cima.

 

E daqui para a frente?

Independentemente da razão, o fato é que essa inflação de matéria prima vem contaminando as projeções de analistas ouvidos semanalmente no Boletim Focus, do Banco Central, para a variação de preços –a expectativa para este ano já está em 5,24%. “Na medida em que o minério e outros itens sobem, isso acaba chegando ao consumidor, e a autoridade monetária já percebeu isso”, diz Braz.

 

O economia lembra que é por isso que o BC já começou a subir a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 3,5% ao ano –o mercado espera que, até o final do ano, esteja em 5,5% ao ano.

 

Para Braz, as pressões inflacionárias devem continuar incomodando nos próximos meses,  mas o grande impacto sobre os preços será sentido a partir de 2022, quando é esperado que a economia brasileira retome de forma mais consolidada.

 

“O mundo está aquecendo, as economias voltando ao normal com a vacinação, e isso sustenta a alta dos preços em dólar das commodities”, afirma. “Isso faz com que já estejamos sofrendo com a inflação, mesmo que a retomada da nossa economia esteja atrasada em relação a outros países”.

 

Fonte: 6 Minutos/ UOL

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