Açúcar para mercado interno remunera melhor do que etanol, aponta Jalles Machado

Notícias do Mercado

Notícias do Mercado

Açúcar para mercado interno remunera melhor do que etanol, aponta Jalles Machado

25/06/2021

Compartilhe:

Fabricar açúcar para vender no mercado interno é mais lucrativo para as usinas neste momento do que produzir etanol para o mesmo destino, afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores da Jalles Machado, Rodrigo Penna de Siqueira, durante teleconferência com investidores e analistas, realizada ontem, 24.

 

“Em alguns momentos de maio e do começo de junho, o etanol remunerou melhor do que o açúcar, tanto o VHP (bruto, que costuma ser exportado) quanto o do mercado interno. Houve períodos em que priorizamos o etanol, algo que não imaginávamos para esta safra”, disse. “Mas hoje o açúcar para mercado interno está remunerando mais do que o etanol, mesmo com o etanol em níveis altos”.

 

O executivo afirmou que a tendência para a companhia neste momento é manter o mix mais açucareiro.

 

Em relação ao açúcar orgânico, um dos principais produtos da Jalles Machado, Siqueira afirmou que os preços em dólar devem ficar estáveis nesta safra em comparação à anterior. “O orgânico tem precificação própria, com menor volatilidade. Já assinamos vários contratos, alguns ainda estão sendo negociados, e temos estabilidade de preço em relação ao ano passado”, pontua.

 

A oferta global de açúcar deve continuar justa nos próximos anos, o que favorece os preços do adoçante, de acordo com o executivo. “Temos notícias favoráveis sobre açúcar, e o etanol avançou mais do que esperávamos com o petróleo firme e a antecipação do aumento da mistura na Índia. Consultorias estimam pequeno déficit de açúcar nos próximos dois anos, então o balanço continua justo”, coloca.

 

Ele lembrou também que a exportação brasileira é mais competitiva do que a dos principais concorrentes: “Na Tailândia, para a exportação ser lucrativa, a libra-peso do açúcar precisa estar em 17 centavos de dólar; para a Índia, em 19. Então não tem de onde vir um excedente de açúcar para o mercado”.

 

Fusão e aquisição

A Jalles Machado pretende concluir algum processo de fusão ou aquisição (M&A, na sigla em inglês) até março do ano que vem, quando acaba a atual safra de cana-de-açúcar, afirmou Siqueira. “Desde o IPO temos trabalhado nisso. Temos grande cuidado para olhar os ativos, em que estado está a parte agrícola”, disse.

 

Entre os motivos para M&A listados pelo executivo estão a mitigação do risco climático e a diversificação da base da companhia. “Vamos para outra região”, garantiu. Hoje, as duas plantas da empresa estão em Goianésia (GO).

 

O executivo ainda afirmou já ter encontrado ativos de qualidade. “Estamos em discussão e avaliação, depois vamos para a execução. Para que o M&A tenha sucesso, temos que poder levar para uma nova unidade o padrão de operação e gestão que temos feito na Jalles Machado”, coloca.

 

O plano de expansão da empresa inclui o aumento em 2 milhões de toneladas da moagem de cana-de-açúcar com uma aquisição.

 

Investimentos

A Jalles Machado pretende usar parcela da receita obtida com o IPO dedicada a investimentos em plantas próprias da empresa, principalmente na unidade Otávio Lage (GO), afirmou Rodrigo Siqueira.

 

“Fizemos uma série de análises que já estão praticamente finalizadas. A maior parte do crescimento na moagem se dará em Otávio Lage e a menor parte na unidade Jalles Machado”, disse. “Esse cenário dá o maior retorno entre os que avaliamos”.

 

No prospecto para sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a Jalles Machado afirmou que pretendia usar “cerca de 43,75% dos recursos” para aumentar em um milhão de toneladas a moagem de cana-de-açúcar nas plantas que já pertencem à empresa. Siqueira estima que o aumento deve vir principalmente nas safras de 2023 e 2024.

 

Segundo o executivo, a companhia já contratou boa parte do crescimento de área agrícola: “A concorrência com grãos não é uma dificuldade para nós neste momento, já que a nossa região não é propícia para safra e safrinha. Como o grão é mais competitivo quando se faz safra e safrinha, temos menos problemas nessa disputa”.

 

Fonte: Agência Estado

MAIS

Notíciais Relacionadas