Atraso no escoamento de soja pelos portos do Brasil pode impactar programação do açúcar

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Atraso no escoamento de soja pelos portos do Brasil pode impactar programação do açúcar

24/02/2021

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Os embarques de açúcar do Brasil na safra 2021/22, que começará no mês de abril, podem ser impactados por conta dos atrasos no escoamento da safra de soja, que está bem mais lento do que no último ano, segundo dados de line-up. O clima adverso em vias de escoamento e na região dos portos tem contribuído para esse cenário.

 

Essas preocupações logísticas deram suporte ao mercado externo nos últimos dias, com máximas de quase quatro anos, apesar de queda expressiva na véspera na Bolsa de Nova York e em Londres. Traders do mercado estimam que os gargalos com a logística da soja podem durar até maio, quando é escoado o açúcar.

 

"O gargalo estaria na questão rodoviária, com engarrafamento de caminhões, e alguma fila de navios nos portos brasileiros, mas tudo dentro de uma normalidade, nada que vá fazer com que o preço tenha uma volatilidade extrema que não está tendo agora", disse ao Notícias Agrícolas Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado.

 

O risco logístico também foi registrado na última safra, segundo Muruci, com impacto de cerca de duas semanas sobre o mercado e depois foi dissipado, exatamente o que está acontecendo agora. Na terça-feira (23), o açúcar caiu mais de 2% nas bolsas de Nova York e Londres assimilando a questão logística e os recentes desdobramentos da Petrobras.

 

"O setor logístico tem seus terminais e navios próprios aqui no Brasil, principalmente em Santos", pontua Muruci, destacando que os riscos podem ser mínimos nesta safra, apesar do recente impacto nos preços. Entre 80% e 90% das exportações brasileiras de açúcar são escoados pelo Porto de Santos.

 

O clima também está sendo monitorado pelos operadores, já que também pode contribuir para o atraso da oferta. "Qualquer sinal de atraso no início da colheita devido ao tempo também pode significar menos oferta em maio e aumentar o spread", disse para a Bloomberg John Stansfield, analista do Grupo Sopex. "O mercado precisa do açúcar o mais rápido possível".

 

As exportações de soja em janeiro ficaram nos níveis mais baixos desde 2014, com queda de mais de 95% no comparativo anual, com 49,5 mil toneladas, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia. Neste mês de fevereiro, foram embarcadas apenas 550 mil t nas primeiras duas semanas, sobre mais de 6 milhões de t em 2020.

 

Até o último dia 15, apenas 8% dos 15,9 milhões de t do line-up da oleaginosa havia sido efetivamente embarcado.

 

"O tráfego de soja melhorou visivelmente na última semana, especialmente nas cargas de Santos com destino à China. No entanto, os atrasos com chuvas são aparentes no Norte porque houve menos carregamentos e navios partindo nos últimos dias", disse no final da última semana Karen Braun, colunista de agricultura da Reuters.

 

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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