A Índia adiantou em dois anos seu cronograma para aumentar a mistura de etanol na gasolina comum para 20%. A mudança, como explica o BTG Pactual em relatório divulgado no último dia 9, está prevista para acontecer por fases a partir de abril de 2023, começando com estados que já apresentam produção excedente do biocombustível e alcançando o restante do país até 2025, ano em que seria iniciado o processo na previsão anterior.
“Isto faz parte dos esforços da Índia para promover fontes de energia sustentáveis e combater as mudanças climáticas”, aponta o documento. Da mesma forma, o BTG relata que o país também pretende reduzir sua alta dependência de petróleo estrangeiro – cerca de 85% do óleo consumido na Índia é importado e, consequentemente, o país depende dos valores de compra e venda definidos pelo mercado internacional.
Para o ciclo 2020/21 (outubro a setembro), a demanda projetada de petróleo é de 34,13 bilhões de litros. Considerando a mistura de etanol à gasolina em vigor no país, de 8,5%, o BTG relata que serão necessários 3,32 bilhões de litros do biocombustível.
Em 2025/26, por sua vez, a estimativa é que sejam necessários 50,8 bilhões de litros de petróleo e 10,16 bilhões de litros de etanol, já com uma mistura de 20% (chegando ao chamado E20). Desta forma, a projeção é de um aumento de quase 500% na demanda do biocombustível no país.
Como a Índia é um dos maiores produtores de açúcar do mundo, existe uma preocupação do mercado em relação ao aumento da produção de etanol no país, pois isso deve diminuir a quantidade da commodity a ser exportada. “O governo indiano prevê uma elevação anual de 2,44 bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar até 2025, resultando em uma redução de 4,1 milhões de toneladas de açúcar a cada ano”, detalha o banco.
Mas é justamente para evitar uma alta no preço interno, que é fixado pelo governo, que a Índia pretende produzir etanol a partir do estoque excedente de açúcar subsidiado, voltado para o mercado de exportação.
Fonte: NovaCana