O Banco Central Europeu deixou claro nesta quinta-feira que um corte nas taxas de juros será feito em junho, mas as autoridades continuaram a divergir sobre os movimentos a serem tomados depois disso ou sobre até que ponto elas podem ser reduzidas antes de começarem novamente a estimular a economia.
O BCE colocou em jogo na semana passada um corte em junho e desde então reforçou essa orientação, apesar do aumento dos preços do petróleo, de um euro mais fraco e das apostas de o Federal Reserve adiará seus próprios cortes nos juros dos Estados Unidos.
“Acho que fomos muito claros: se as coisas continuarem como estão evoluindo ultimamente, em junho estaremos prontos para reduzir a restrição de nossa política monetária”, disse o vice-presidente Luis de Guindos nesta quinta-feira.
O chefe do banco central francês, François Villeroy de Galhau, disse que há “um consenso muito grande” para um corte em junho e que até mesmo Klaas Knot, o chefe “hawkish” do banco central holandês, e Joachim Nagel, presidente do banco central alemão, estavam de acordo.
Os comentários apenas reforçam as expectativas do mercado de unanimidade em relação a esse movimento inicial e o foco já mudou para o que acontecerá nas reuniões subsequentes.
Essa questão, no entanto, continua a dividir as autoridades e Villeroy juntou-se a um grupo pequeno, mas crescente, dos que argumentam explicitamente que julho não deve ser descartado.
“Quando dizemos (que vamos) reunião por reunião, pode ser em cada reunião seguinte”, disse Villeroy à CNBC. “Não acho, por exemplo, que devamos concentrar nossas cartas nas reuniões trimestrais, quando temos novas previsões.”
Piero Cipollone, membro da diretoria do BCE; Yannis Stournaras, da Grécia; e Gediminas Simkus, da Lituânia, sugeriram, de uma forma ou de outra, que um corte em julho também pode estar em jogo.
Knot, por sua vez, juntou-se a outros em evitar falar sobre meados do ano e pareceu repetir sua opinião anterior de que o afrouxamento da política monetária poderia coincidir com as projeções trimestrais.
Atualmente, os mercados veem cortes nas taxas em junho, setembro e dezembro, quando novas previsões são publicadas, e Knot apoiou cautelosamente essas expectativas.
“Não me sinto desconfortável com essa precificação do mercado, mas, ao mesmo tempo, não nos comprometemos previamente”, disse Knot à Bloomberg TV. “Dependemos dos dados e vamos de reunião em reunião.”
Villeroy argumentou que a taxa de depósito de 4% do BCE tem um longo caminho a percorrer antes de parar de restringir o crescimento econômico e atingir a chamada taxa neutra.
“Nossas melhores estimativas para a zona do euro estão entre 2% e 2,5%, de modo que ainda temos um amplo espaço, embora permaneçamos em território restritivo, para flexibilizar e reduzir as taxas”, disse ele.
Mario Centeno, de Portugal, por sua vez, argumentou que havia pouco debate entre as autoridades sobre o fato de que uma taxa de juros acima de 3% ainda estava retendo o crescimento e, portanto, amortecendo a inflação.
“Não conheço ninguém que diga que a taxa neutra está acima de 3%”, disse ele à Reuters. “Com que rapidez devemos chegar lá? Temos tempo.”
Fonte: Reuters
Extraído de MoneyTimes