Foto: Foto: Lunarq Studio/ Gramado News
O avanço da agenda ESG tem feito muita gente questionar a necessidade de tanto plástico nas embalagens dos produtos.
Vide o sucesso de marcas de cosméticos em barra como a paulistana B.O.B, queridinha entre jovens com alguma preocupação ambiental e destino de uma rodada de investimento em janeiro deste ano pelo multi family office GHT4, de Laércio Cosentino (Totvs), entre outros.
Antes de o tema entrar na conversa de consumidores e de investidores, os empreendedores gaúchos Andreia e Aureo Romanzini já tinham em mente a ideia de vender produtos com embalagens feitas sem muito impacto ambiental.
O que faz a DeCacau
Os irmãos Romanzini são fundadores da DeCacau Chocolates, uma fábrica de chocolates aberta há 37 anos em Flores da Cunha, município de 30.000 habitantes encravado na serra gaúcha.
O embrião do negócio foi a demanda de fábricas da região por chocolates caseiros como brindes para funcionários em ocasiões especiais, como Páscoa ou fim do ano.
De lá para cá, a DeCacau virou um negócio com faturamento de 65 milhões de reais previsto para 2022 e uma presença nacional.
Por trás da expansão, estão três fatores:
Na última década, a DeCacau passou a fabricar ovos de Páscoa vendidos nas 164 lojas da varejista catarinense Havan, presente em 20 estados. Além da Havan, nos últimos anos a DeCacau passou a produzir chocolates com a marca de outros clientes.
Uma presença física em Gramado, principal atração da serra gaúcha e terra com tradição de sediar fábricas de chocolates caseiros. "O boca a boca entre turistas que experimentaram a DeCacau por ali serviu de propaganda gratuita para a empresa em outros estados", diz Andreia. Hoje, a comunicação visual da empresa leva a palavra "Gramado" para reforçar a identificação regional.
O investimento numa cadeia própria de cultivo de cacau em fazendas certificadas pela DeCacau nos arredores de Ilhéus, no sul da Bahia. Feita há seis anos, a medida garantiu a oferta de grãos de qualidade superior, algo muito difícil de conseguir de bate pronto com atravessadores.
Os planos da empresa
Com isso, foi possível investir em linhas de chocolates com percentuais altos de cacau — uma delas tem 85%.
"Todos os chocolates são produzidos com matérias-primas selecionadas e cacaus com certificação de origem, adquiridos diretamente de fazendas da Bahia, que utilizam tecnologia e adubagem correta, o que faz o cacau render mais", diz Aureo.
Com os três pilares resolvidos, a marca resolveu investir numa expansão com marca própria.
De 2020 para cá, foram oito lojas abertas pela própria DeCacau, boa parte delas localizadas junto a unidades da Havan no interior paulista. Além de São Paulo, a empresa está hoje presente em cidades do interior gaúcho.
Nas lojas, o diferencial: a maioria dos produtos vêm a granel, sem embalagens.
Um exemplo é a linha Bean to Bar, feita sem conservantes em sua formulação.
Em outras linhas de produtos, com embalagens, os chocolates são envoltos em materiais de fontes renováveis.
"Nosso método de produção é a partir das amêndoas de cacau, diferente do método comum que utiliza a massa de cacau com grãos já torrados e moídos", diz Aureo. "Garantimos um produto mais natural."
Como parte do plano de crescimento, a previsão até o final do ano é abrir um centro de distribuição em Araraquara, no interior paulista, e expandir para Santa Catarina e Paraná.
Um modelo de franquias está sendo considerado pelo sócios para acelerar a presença física da DeCacau, que espera receita de 80 milhões de reais em 2023.
"Queremos inserir a marca entre as cinco maiores indústrias de chocolates do Brasil até 2027", diz Aureo.
Fonte: Exame