A Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro) está reativando a cadeia produtora de açúcar e etanol em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Com a previsão de aumento da safra deste ano, espera avanço em faturamento e está reformando uma segunda usina para entrar em operação a partir de agosto.
Por conta do bom período de chuvas deste verão, a estimativa é de esmagar 900 mil toneladas de cana de açúcar este ano, ante 834 mil na última safra. O faturamento deve alcançar R$ 300 milhões, diz Frederico Paes, presidente da cooperativa.
Muda, contudo, a fração da cana processada para a produção de açúcar cristal e para o etanol. “Estamos preocupados com a política de preços do governo para os combustíveis. A redução do ICMS de 2022 reduziu a competitividade do etanol. E no mercado internacional, o açúcar está em alta”, explica ele. “Então, vamos fazer um milhão de sacas de açúcar (de 50 quilos cada), o dobro do ano passado, e 25 milhões de litros de etanol, metade do que fizemos em 2022”.
A Coagro tem dez mil cooperados cadastrados, sendo três mil deles ativos; são pequenos produtores da região. Hoje, a cooperativa conta com uma usina, a Sapucaia, com capacidade para processar até 1,5 milhão de toneladas de cana. Falida, a unidade foi arrendada pela Coagro em 2015 por 30 anos.
Agora, a cooperativa fechou o arrendamento por 15 anos de outra usina fechada, a Paraíso, que pode processar até 800 mil toneladas de cana, gerando 1,5 mil empregos na safra. “Estamos investindo R$ 43 milhões para reformar a Paraíso, que vai beneficiar os produtores da Baixada Campista”, relata.
Empreendorismo cooperativo
Diante do cenário de crise na economia, o empreendedorismo cooperativo vem crescendo. O estado do Rio encerrou 2022 com 423 cooperativas em oito diferentes setores, de produção de bens e serviços, passando por saúde e chegando ao crédito.
Elas reúnem 340 mil cooperados, alta de 16% na comparação com um ano antes, segundo dados do anuário organizado pelo Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras do Rio de Janeiro (OCB-RJ), e somam R$ 11,4 bilhões em faturamento.
Abdul Nasser, superintendente do Sescoop-RJ, braço de aprendizagem e integra o Sistema S, explica que esse impulso vem da retração no emprego. “Se cai a oferta de emprego, as pessoas têm de empreender. Para fazer isso individualmente, é preciso ter habilidade, conhecimento e recursos. Ou buscar outras pessoas para fazer isso coletivamente, o que viabiliza negócios e muda a economia”, relata.
No estado do Rio, há 17 cooperativas educacionais, por exemplo, e 15 delas nasceram da reunião de professores de escolas que quebraram, diz. Os professores negociaram créditos trabalhistas, assumindo as unidades. “Temos cursos gratuitos de capacitação. A quem quer avançar, damos orientação, identificando viabilidade de negócios, o passo a passo para criar a cooperativa e se planejar”, conta.
Fonte: O Globo
Extraído de NovaCana