A baixa liquidez no mercado à vista e os aumentos no preço da gasolina nas refinarias da Petrobras levaram o etanol a um preço recorde. Na região de Ribeirão Petro (SP), o hidratado saltou R$ 30/m³ na semana encerrada em 29 de janeiro, segundo dados da S&P Global Platts. Com o aumento de 1,1%, o valor registrado foi de R$ 2.630/m³.
O número apresentado pela Platts se refere ao preço negociado na região e inclui ICMS e PIS/Cofins. Por isso, ele se difere do indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, que desconsidera os impostos e é referente ao estado como um todo. Segundo o Cepea, na sexta-feira, o etanol hidratado foi comercializado pelas usinas paulistas a R$ 2.127/m³, caracterizando alta semanal de 0,91%.
“O Sindicom [Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes] celebrou contratos de compra de longo prazo com as grandes usinas no início de janeiro para cobrir a maior parte de suas necessidades de etanol até o final de março”, disse um trader de São Paulo, que acrescentou: “As vendas no mercado à vista provavelmente ficarão abaixo do volume normal de comercialização até o final de março, fim da entressafra no Brasil”, acrescentou.
Em 27 de janeiro, a Petrobras instituiu um aumento médio de 5,04% no preço da gasolina nas refinarias. Anteriormente, em 19 de janeiro, ela já havia aplicado uma elevação de 7,93%.
“Os dois recentes aumentos da Petrobras no preço da gasolina levaram os distribuidores a pausarem suas compras no mercado à vista e reavaliarem os preços do etanol no curto prazo”, relata um segundo trader, também de São Paulo.
O mercado de combustível usa os aumentos de preço da gasolina nas refinarias como um mecanismo de desconto para o etanol. O argumento é que o maior valor do combustível fóssil nas bombas, quando sentido pelos consumidores finais, afeta a demanda por hidratado e pressiona os preços no curto prazo.
O preço do etanol hidratado nas usinas da região de Ribeirão Preto (SP) subiu quase 65% em relação ao registrado em 27 de abril de 2020, no choque inicial da pandemia. Esta forte alta reflete a recuperação na demanda pelo renovável, que quase atingiu os níveis pré-pandêmicos em janeiro.
De acordo com números da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), as vendas de etanol pelas usinas do Centro-Sul durante a primeira metade de janeiro totalizaram 1,25 bilhão de litros, o que representa uma queda de 2,5% em comparação com o ano anterior. Deste volume, 1,21 bilhão de litros foram para o mercado interno e 41,69 milhões, destinados para exportação.
Considerando apenas as vendas domésticas, a comercialização de etanol hidratado somou 851,26 milhões de litros – queda de 4,6% em relação ao ano anterior –, enquanto a de anidro foi de 397,93 milhões, 2,1% acima na comparação anual.
Embora a demanda em janeiro tenha sido resiliente, São Paulo suspendeu a volta às aulas, permanecendo com medidas restritivas em um esforço para controlar o elevado número de infectados por coronavírus. O plano de reabertura do estado tem cinco fases, que marcam a redução gradual dos casos de coronavírus e a reabertura da maior região econômica do Brasil. Com a decisão do governo, São Paulo segue na segunda fase.
A diminuição no uso de veículos leves e a esperada queda na demanda por etanol devido ao protocolo de quarentena mais rígido em São Paulo fará com que o comércio do biocombustível no mercado à vista permaneça moderado.
Fonte: NovaCana