Combustíveis em alta: Etanol só é competitivo nos postos de três estados

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Combustíveis em alta: Etanol só é competitivo nos postos de três estados

24/10/2022

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Os preços do etanol seguem subindo na média nacional – após 22 semanas consecutivas em baixa, esta é a terceira de elevação. Já os preços da gasolina apresentaram crescimento pela segunda semana, após 15 seguidas de retração.

 

De 16 a 22 de outubro, o biocombustível passou de R$ 3,46 por litro para R$ 3,54/L, alta de 2,3%. Já a gasolina foi de R$ 4,86/L para R$ 4,88/L, um incremento de 0,4%.

 

Os valores foram divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os números correspondem a 127 cidades, incluindo a maioria das capitais brasileiras.

 

De acordo com a ANP, com a alta do etanol sendo superior a da gasolina, a relação entre o preço do biocombustível e o de seu concorrente fóssil nos postos foi de 72,5%. O resultado ficou acima do visto uma semana antes, de 71,2%, e é superior ao limite considerado economicamente vantajoso para os consumidores, de 70%.

 

Conforme as médias estaduais, por sua vez, o renovável só é tido como competitivo em Mato Grosso, Goiás e Paraíba.

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Segundo especialistas consultados pela Reuters, enquanto a Petrobras mantiver os valor da gasolina nas refinarias, a menor oferta de etanol será um fator com maior protagonismo na formação do preço do combustível fóssil, por conta da mistura de 27% de anidro.

 

A situação rara ocorre em função de estoques baixos do biocombustível em meio a uma safra de cana atrasada e com forte direcionamento da matéria-prima para produção de açúcar, produto de exportação mais rentável que o etanol, ainda conforme os analistas consultados.

 

Nas usinas paulistas, por sua vez, o etanol hidratado saiu de R$ 2,7199/L para R$ 2,7211/L. O aumento foi de 0,04%, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP. Da mesma forma, houve um incremento de 1,5% nas produtoras goianas e de 3,7% nas mato-grossenses.

 

Na visão do presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sergio Araújo, com a recente alta do petróleo no mercado internacional, os preços da gasolina e do óleo diesel ficaram defasados nas refinarias do Brasil, de modo que a Petrobras deveria anunciar aumentos.

 

Entretanto, depois de duas semanas aumentando os preços da gasolina e do diesel, a Acelen, dona da refinaria de Mataripe, reduziu os preços dos combustíveis no último sábado, 22. O diesel teve queda de 6,1% e a gasolina de 4,2%.

 

Variações nos estados

Após uma semana sem divulgar os dados estaduais dos preços dos combustíveis, a ANP voltou a apresentar alguns números em 1º de outubro; a retomada envolveu duas semanas contemplando somente as capitais brasileiras. No período mais recente, a análise foi feita com 127 cidades, 26 acima do que uma semana antes. Esta diferença no número compromete a comparação dos números.

 

Segundo a ANP, de 16 a 22 de outubro, os preços do etanol caíram em nove estados, subiram em 14 e no Distrito Federal, ficaram estáveis em um e não foram divulgadas em dois. Já os da gasolina tiveram redução em sete estados, subiram em 18, ficaram estáveis em um e não foram divulgados em um.

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Em São Paulo, o biocombustível teve um incremento de 3,3%, custando R$ 3,46/L em média. Já a gasolina foi vendida a R$ 4,76/L, aumento de 0,8%. Com isso, a relação entre os preços ficou em 72,7%, um resultado que não é economicamente favorável ao renovável e que está acima dos 71% de uma semana antes.

 

Já em Goiás, o etanol foi comercializado a R$ 3,29/L na média, alta de 2,5% no período analisado; enquanto isso, a gasolina subiu 0,2%, para R$ 4,73/L. Assim, a relação entre os preços dos combustíveis ficou em 69,6%, ainda favorável ao biocombustível, mas acima dos 68% do período anterior.

 

Por sua vez, Minas Gerais registrou um acréscimo de 0,6% no preço médio do etanol, que foi comercializado a R$ 3,53/L. A gasolina passou por uma retração de 0,2%, para R$ 4,8/L, em média. Desta forma, o renovável custou o equivalente a 73,5% do preço do combustível fóssil, com o etanol ainda sem competitividade e acima dos 73% de uma semana antes.

 

Em Mato Grosso, o preço médio do etanol teve um aumento de 4%, indo para R$ 3,13/L – ainda o menor valor entre todas as unidades da federação. No período, a gasolina subiu 1,2%, para R$ 4,9/L. Com isso, a relação entre os preços ficou em 63,9%, com o etanol se mantendo economicamente vantajoso ao consumidor, mesmo com o índice acima de uma semana antes, de 62,2%. Esta também é a menor relação entre os preços dos combustíveis dentre todos os estados.

 

Já em Mato Grosso do Sul, o etanol subiu 2%, ficando em R$ 3,52/L. A gasolina, por sua vez, subiu 0,2% para R$ 4,65/L. Assim, o biocombustível custou o equivalente a 75,7% do preço de seu concorrente fóssil, acima dos 74,4% registrados uma semana antes.

 

Por fim, no Paraná, o biocombustível custou o equivalente a 76,5% do preço da gasolina, a mais alta relação dentre os seis principais estados produtores de etanol do país. Ainda assim, no período, o renovável teve um incremento de 0,8%, sendo vendido por R$ 3,81/L na média estadual, o valor mais alto entre os maiores produtores do biocombustível. Já a gasolina aumentou 0,2% para R$ 4,98/L.

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Os preços do etanol e da gasolina por região, estado ou cidade desde 2018 estão disponíveis na planilha interativa (exclusiva para assinantes). Também estão disponíveis gráficos avançados e filtros interativos sobre o comportamento dos preços.

 

Ausência de dados

Os dados estaduais de preços dos combustíveis referentes à semana de 18 a 24 de setembro não foram divulgados pela ANP e, portanto, não puderam ser comparados. Isso ocorreu, conforme a agência, por conta do fim do contrato com a empresa que realizava o levantamento de preços de combustíveis, em 13 de setembro.

 

Nas semanas de 25 de setembro a 1º de outubro e de 2 a 8 de outubro, a agência divulgou números apenas das capitais brasileiras. Nas semanas subsequentes, outras cidades passaram a elencar a pesquisa, sendo que o levantamento mais recente totalizou 127 municípios.

 

Atualmente, a empresa contratada pela ANP para a realização do levantamento é a Triad Research Consultoria e Pesquisa de Mercado. A vigência do acordo começou em 26 de setembro e o cronograma prevê um crescimento gradual da amostragem, atingindo 459 municípios até 16 de abril de 2023.

 

Fonte: Gabrielle Rumor Koster/NovaCana

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