Os preços médios dos combustíveis nos postos do país continuam em um movimento de alta como raramente é observado, fazendo com que eles atinjam recordes históricos. Os dados semanais são divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
De 7 a 13 de março, na média nacional, o preço do etanol ultrapassou a linha dos R$ 4,00 por litro e chegou a R$ 4,121/L, um recorde no acompanhamento da ANP. Em relação ao valor anterior, de R$ 3,898/L, houve um acréscimo de 5,72% – menor que o da semana anterior, mas ainda um dos maiores do ano.
É comum que, no período da entressafra da cana-de-açúcar, que vai até o final deste mês, o renovável apresente aumentos; porém não com esta intensidade. Nas usinas, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, o hidratado segue subindo em Mato Grosso (+2,93%) e Goiás (+11,44%).
Já em São Paulo, após 11 semanas de aumentos observados desde o final de 2020, o hidratado ficou praticamente estável entre 5 e 12 de março, recuando 0,04%, de R$ 2,9071/L para R$ 2,9059/L, em média.
Desta forma, a principal influência no valor do etanol nas bombas tem sido o preço da gasolina, que também segue subindo. Na semana analisada, o acréscimo foi de 3,82%, maior do que o observado na análise anterior, e o valor médio ficou em R$ 5,492/L, também um recorde na pesquisa.
Com o menor aumento para o combustível fóssil do que para o renovável, o etanol novamente se desvalorizou e foi comercializado a valores maiores que o limite comercialmente estabelecido de 70% em relação ao preço da gasolina. Na semana passada, com o acréscimo de 1,76%, o indicador ficou em 75%, o maior patamar desde março de 2017.
É importante reiterar que todas essas comparações não são exatamente precisas, já que o levantamento da ANP não está sendo realizado em todas as cidades brasileiras.
Na semana analisada, foram pesquisados os postos de 191 municípios, oito a mais do que no período anterior. Desta forma, a comparação semanal segue comprometida, uma vez que o número de localidades pesquisadas muda a cada análise.
Variações nos estados
Na semana de 7 a 13 de março, os preços do etanol e da gasolina subiram na média dos postos de todos os estados do país, como raramente ocorre no levantamento de preços. No caso do renovável, apenas São Paulo e Mato Grosso apresentam preço médio abaixo dos R$ 4,00/L.
Em São Paulo, maior produtor e consumidor de etanol no país, o preço médio do biocombustível subiu 4,61% – variação abaixo da registrada na semana anterior e uma das menores da análise. Assim, o renovável chegou a R$ 3,949/L. Já a gasolina subiu menos, 3,76%.
Com isso, a relação entre os preços dos combustíveis chegou a 75,8%, acima do limite comercialmente estabelecido em 70% e desfavorável para o etanol. Este é o maior indicador para o estado desde fevereiro de 2017.
Comparação comprometida
Após mais de dois meses em pausa, o levantamento de preços nos postos voltou a ser realizado semanalmente no final de outubro de 2020. Ainda assim, as comparações entre as análises não são precisas, já que o número de municípios pesquisados vem mudando semanalmente, conforme já era previsto pela ANP.
Entre 7 e 13 de março, 191 cidades foram pesquisadas, oito a mais do que no período anterior. O levantamento inclui todas as capitais. Ainda assim, algumas localidades deixaram de ser pesquisadas no comparativo semanal, mudando o número de participantes em alguns estados.
Apesar da progressão no número de cidades, o total está bem abaixo do objetivo divulgado pela ANP: 459. A agência vem demonstrando dificuldades em cumprir com o esperado em relação ao levantamento desde a pausa, quando tinha uma expectativa de data de retomada que não foi atingida e atrasou mais de um mês.
Com este retorno gradual, os números seguem não correspondendo à média dos postos dos estados como ocorria antes da pausa. A comparação semanal também deve ser observada com cautela, já que a amostra pode aumentar ou diminuir semanalmente.
Fonte: Nova Cana