Após atingir a mínima de 23,08 c/lb há 7 sessões atrás, o mercado de açúcar veio em forte recuperação de preços e já acumula 2 semanas seguidas de alta, ignorando a super safra do Centro-Sul e realiza hoje o maior de fechamento desde 21 de junho, com a tela SBV3 cotada 25,81 c/lb e a tela SBH4 a 26,05 c/lb. O açúcar branco segue com oferta apertada e as preocupações com os impactos do clima da Índia continuam como o principal driver altista do mercado. As chuvas acumuladas no mês de agosto foram quase 60% abaixo do normal em Maharashtra e mais de 70% abaixo em Karnataka, levando o acumulado das monções de junho a agosto para -11% e -21%, respectivamente.
De fato, há um movimento especulativo e técnico muito forte presente no mercado de açúcar e as apostas de aperto no tradeflow no médio prazo não deixaram o mercado de fato entrar em correção essa semana, apesar de três sessões de queda, a força compradora sempre revertia ou amenizava os movimentos. Nem mesmo a boa disponibilidade de VHP no Centro-Sul teve força de gerar um gatilho de pressão vendedora nas cotações de NY.
O line-up no porto de Santos está na máxima dos últimos 5 anos para o período, mas com as exportações fluindo bem. O Governo Federal divulgou hoje os dados de exportação de agosto, e foram exportados 3,8 milhões de tonelada de açúcar no último mês (vs 2,9 mi no ano anterior), além de maiores exportações no comparativo anual também para as principais commodities exportadoras brasileiras. Já os prêmios de exportações no mercado spot hoje giram em torno de 90 a 110 pontos de desconto sobre o NY.
O relatório do CFTC referente às posições dos agentes na última terça-feira (29) – mostrou um aumento expressivo no saldo comprado dos fundos especulativos em 46,83%, o que deixou a posição net em 154.620 lotes. Comprovando que o mercado vem realmente recebendo maior influência da classe que volta a tomar mais posições no mercado após ter estado com o menor saldo desde novembro/22.
Tendo em vista as condições de disponibilidade de produto atual e boas perspectivas futuras já da próxima safra do CS brasileiro, e levando em consideração a preocupação de aperto na oferta na entressafra do Centro Sul, o clima dividido em fundamentos obriga os comerciais, tanto consumidores como produtores, a estarem atentos as oportunidades de mercado dada as volatilidades a se protegerem especialmente com estruturas montadas em opções (fence, 3-way, put spread, call spread e etc) que permitem maior flexibilidade ao hedge e participações em mais de um cenário de mercado.
Para falar do mercado cambial, no início dessa semana o Jackson Hole nos EUA começou apresentando um tom mais hawkish, mas após os dados de inflação de julho ficaram em linha com as expectativas, o mercado teve uma interpretação de que as altas taxas de juros estão começando a ter impacto. No entanto, o payroll divulgado hoje superou as expectativas, apesar de mostrar um aumento no desemprego e ainda deixa as incertezas da política monetária americana no ar, trazendo ainda um viés misto para o mercado cambial.
No Brasil, o PIB do segundo trimestre foi divulgado acima do esperado. No entanto, a situação fiscal está sob pressão devido à aprovação do voto de qualidade no Carf e ao orçamento de 2024, que aumentou em R$ 129 bilhões em relação a 2023. O mercado está cético em relação às projeções de receita do Ministério da Fazenda, mesmo com as novas fontes de receita, ainda são necessários quase R$ 200 bilhões para eliminar o déficit no próximo ano, como prometido e isso tem pesado contra o real nas últimas sessões e pode ser um ponto de suporte na sessão da semana que vem.
Na próxima segunda-feira não teremos negociação de açúcar bruto na bolsa de NY em virtude do feriado do "Dia do Trabalhador" nos EUA, o que deve repercutir também em menor liquidez na B3 para negociação de câmbio. Haverá negociação do LON#05 com fechamento 1 hora mais cedo, 13hrs. Já na quinta-feira é feriado da Independência do Brasil e não teremos negociação de câmbio.
Fonte: StoneX