Nesta primeira metade do mês de março, as chuvas foram recorrentes nas principais regiões produtoras do país, trazendo impactos pontuais devido ao excesso, como foi o caso em algumas lavouras de soja do oeste e norte do Paraná, metade sul de São Paulo, Bolsão Sul Mato-Grossense e sul de Goiás. Pontualmente, no Mato Grosso, os impactos também foram sentidos.
O reflexo das chuvas mais persistentes é observado através do mapa de anomalia de precipitação – diferença entre o ocorrido e a média histórica para o mesmo período. Nota-se vários bolsões de chuvas acima da média nesses últimos 15 dias entre o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná. São Paulo, Sul de Minas, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Destaque também para as chuvas acima da média nos estados da região Norte.
Por outro lado, a situação hídrica no extremo sul do país persiste sem grandes alterações nestes últimos 15 dias. Entretanto, algumas chuvas passageiras chegaram na região, mas estas não foram suficientes para reverter o quadro da estiagem, ainda mais agravado pela sequência de dias quentes.
Outro setor que apresenta um quadro hídrico delicado, é o norte de Minas e Bahia. A região passou esses últimos 15 dias com uma sequência prolongada de dias secos e chuvas muito abaixo da média, especialmente no centro-norte de Minas Gerais.
Já nas estações monitoradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), estes foram os maiores registros de chuvas ao longo dos últimos 15 dias em todo o país:
364.60 mm - SATUBINHA - CENTRO (MA)
371.20 mm - UHE SÃO SALVADOR RIO MUCAMBÃO (TO)
372.20 mm - UHE ESTREITO MONTANTE 1 (MA)
381.60 mm - IPIRANGA (SP)
390.60 mm - ITUPIRANGA (PA)
394.60 mm - OLINDA NOVA DO MARANHAO - SANTA CLARA (MA)
402.00 mm - CIDADE ADEMAR (SP)
407.40 mm - CAPELA DO SOCORRO (SP)
409.00 mm - MAUÁ - PAÇO MUNICIPAL (SP)
411.20 mm - VILA MARIA (SP)
421.90 mm - PCH ROCHEDO BARRAMENTO (GO)
422.50 mm - UHE QUEBRA QUEIXO BARRAMENTO (SC)
428.40 mm - MARABÁ (PA)
431.00 mm - MARABÁ - NOVA MARABÁ (PA)
527.25 mm - PCH BOA VISTA II MONTANTE 1 (MG)
586.00 mm - UHE JUPIÁ BARRAMENTO (MS)
770.00 mm - PONTE MT 423 RIO AZUL (MT)
776.20 mm - UHE SOBRADINHO MONTANTE 3 (BA)
Consulta realizada em 15 março, 2023 às 14h00 no horário de Brasília.
Agora, a previsão para a segunda metade do mês indica o retorno das chuvas em áreas do sul do país, mesmo assim com volumes insuficientes para reverter a condição de estiagem que se estende desde o início do verão. Ao mesmo tempo, a massa de ar seco deve persistir sobre o leste do país, agravando a situação hídrica de alguns estados.
Sul
Na previsão estendida, existe a possibilidade do avanço de pelo menos três frentes frias ao longo desses próximos 15 dias. Contudo, os sistemas terão curta duração, mas condições de trazer acumulados na ordem dos 130 mm na região da Campanha Ocidental. Mesmo com essas chuvas, a condição é de restrição hídrica em parte das lavouras de arroz, milho e soja no estado gaúcho. Em Santa Catarina e no Paraná, os registros variam entre os 50 e 80 mm até o final do mês, apresentando uma grande irregularidade na distribuição dessas chuvas, porém as condições serão favoráveis para os cultivos de 1ª e 2ª safras.
Sudeste
Os corredores de umidade devem permanecer ativos na metade sul da região, garantindo as chuvas sobre o estado de São Paulo e sul de Minas Gerais. Na maioria dos casos, as chuvas são na forma de tempestades no final do dia, que devem ser organizadas pela influência de algumas frentes frias. A previsão para praticamente todo estado paulista, varia entre os 50 e 120 mm, bem como no Sul e Triângulo Mineiro. Esse excesso deve atrapalhar os trabalhos de colheita, mas contribuem para a manutenção da umidade no solo para a semeadura de inverno e da segunda safra. No norte de Minas Gerais e de parte do Espirito Santo, mesmo com a restrição hídrica, a umidade no solo será suficiente para o desenvolvimento dos cultivos de grãos e da cana-de-açúcar, assim como, para a granação do café.
Centro-Oeste
No Mato Grosso, chuvas intensas são esperadas, com previsão de acumulados entre 200 a 300 mm até o final do período. Essas precipitações irão aumentar o armazenamento de água no solo, beneficiando o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra. No entanto, as chuvas poderão prejudicar a colheita das áreas de soja, bem como a semeadura dos cultivos de segunda safra. Já em Goiás, os volumes de chuva devem variar entre 100 e 200 mm. No Mato Grosso do Sul, as chuvas mais intensas estarão concentradas ao norte, enquanto nas demais regiões do estado, os acumulados de chuva serão inferiores a 50 mm, o que favorece as operações de colheita e semeadura.
Nordeste
Até o final do mês, as chuvas terão uma grande divisão sobre a região nordeste. A massa de ar seco deverá seguir ativa na metade sul, ao passo que os corredores de umidade seguem com vigor na metade norte. Sobre o Maranhão, são previstos acumulados acima dos 300 mm até o final do mês, na forma de chuvas abrangentes com poucas janelas de trabalho, bem como na metade norte do Piauí. No Ceará e nas áreas de transição do Sertão e Agreste, as chuvas também poderão ser recorrentes nesta segunda quinzena. O excesso de chuvas podem atrapalhar as operações de semeadura do algodão, bem como o final do ciclo da soja.
Norte
As instabilidades devem se concentrar na metade sul da região, com destaque para o estado do Pará e Tocantins, onde a previsão indica volumes entre os 150 e 250 mm. Praticamente todas as áreas de soja do Tocantins, passam por alguma dificuldade em relação ao excesso de umidade, trazendo impactos no final do ciclo da cultura e atrasando a semeadura da próxima safra. No Pará, apesar dos grandes volumes , os impactos devem ser pontuais. Já nas demais regiões, as chuvas terão uma boa distribuição, mantendo boas condições de disponibilidade hídrica. Já o norte do Amazonas, Baixo Amazonas e Roraima, tem previsão de poucas chuvas até o final do mês.
Fonte: Agrolink