O impacto econômico da guerra que envolve o maior exportador de gás natural do mundo e o segundo de petróleo foi intensificado nesta terça, 13º dia do conflito.
No que definiu como "golpe poderoso" contra a Rússia pela invasão da Ucrânia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou vetar as importações de petróleo e gás russos.
Por que importa: a decisão eleva o preço dos barris, assusta os mercados globais e gera temor de uma nova turbulência econômica após o pico da pandemia de coronavírus no mundo.
Moscou fornece cerca de 40% do gás natural da Europa; o insumo é a segunda matriz energética mais usada no continente.
Embora Biden tenha declarado que a decisão é respaldada por aliados, a medida preocupa países europeus, fortemente dependentes do gás russo.
O governo de Vladimir Putin vem ameaçando cortar a emissão para o bloco, e mesmo que a União Europeia faça planos para tentar reduzir a dependência de seus países em relação ao combustível russo, essa realidade ainda é distante.
"Neste momento, o suprimento de energia na Europa para aquecimento, mobilidade, fornecimento de energia e indústria não pode ser garantido de outra forma", afirmou o chanceler alemão Olaf Scholz em comunicado na segunda (7).
A Rússia anunciou que vai cortar ou limitar a compra e a venda de produtos básicos de diversos países (a lista de afetados ainda será divulgada). É mais uma parte das "consequências catastróficas" alertadas pelo Kremlin diante da resposta do Ocidente à investida das tropas russas.
O conflito traz efeitos econômicos que vão além dos combustíveis. O colunista Mauro Zafalon, da Vaivém das Commodities, explica os impactos do conflito sobre quatro produtos relevantes para o Brasil.
Fertilizantes: a Rússia é o principal exportador para o Brasil --- 28% do que o país importou desses insumos em 2021 vieram do país de Putin e da aliada Belarus, também alvo de medidas. Produtores agrícolas e empresas fabricantes buscam alternativas para manter o fornecimento ao país, mas um cenário de queda na oferta dos fertilizantes pode provocar a alta de preços de itens já atingidos pela crise, como os grãos.
Trigo: Rússia e Ucrânia são responsáveis por 29% da exportação mundial de trigo, e o Brasil é um dos maiores importadores desse cereal. O conflito entre os maiores exportadores afeta os preços internacionais, que já passam por altas sucessivas. A consequência é sentida no bolso do consumidor. A farinha e o pão tiveram alta 1,4% e 1,2%, respectivamente, em meados de fevereiro, quando já havia ameaça de invasão.
Óleo de soja: o conflito também causa turbulência na cadeia de óleos vegetais. A Ucrânia é importante exportadora de óleo de girassol, e os entraves no seu fornecimento têm ampliado a procura por um de seus concorrentes, o óleo de soja, do qual o Brasil é produtor. O aumento da demanda externa pode impactar o preço do produto para o consumidor.
Milho: a Ucrânia é a quarta maior exportadora do grão do mundo, atrás do Brasil, segundo. Nesse caso, o impacto no bolso do consumidor vai além da compra do milho e de seus derivados Aumenta também o custo de outros itens de alimentação, como o frango, já que o milho é usado na criação de animais.
Fonte: Folha de S. Paulo
Extraído de UDOP