A safra de cana-de-açúcar 2021/22, finalizada em setembro no Nordeste, foi de muitas chuvas e alta nos gastos para as usinas da região. Para completar, as precipitações contribuíram para a retração de alguns indicadores, embora a produtividade dos canaviais tenha se mantido relativamente estável.
Além disso, mesmo com os maiores custos de produção, as usinas nordestinas conseguiram uma margem econômica positiva de 6,5%. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Educação Continuada em Economia e Gestão (Pecege), que apresentou seus números no evento Expedição Custos Cana.
A amostra do instituto conta com 13 unidades agroindustriais, que processaram cerca de 15,9 milhões de toneladas de cana e representam 29,6% da moagem do Nordeste. Dentro deste recorte, o Pecege analisou os gastos dos produtores desde a entressafra, em abril de 2021, até o fechamento dos preços, em agosto deste ano.
O professor e gestor de projetos do Pecege, João Rosa, explicou que, devido ao excesso de chuvas, a concentração média de açúcares totais recuperáveis (ATR) caiu, enquanto a produtividade, medida em toneladas de cana por hectare, registrou estabilidade. As precipitações aumentaram também o número de dias de colheita perdidos, que representaram 18,3%, ante 14,6% na temporada anterior.
Segundo ele, as usinas da região direcionaram 68,1% da sua matéria-prima para a produção de açúcar, um aumento anual de 2,3 pontos percentuais. “Em relação aos últimos dois anos, o mix [de produção] do Nordeste vem sendo cada vez mais açucareiro”, observa Rosa.
Além disso, o evento também trouxe projeções atualizadas para a safra 2022/23, que começou em outubro em grande parte da região, apresentadas pelo analista econômico Raphael Delloiagono. De acordo com ele, a produtividade deve ser favorecida pelo excesso de chuvas vistas na entressafra, especialmente em Alagoas, o principal estado produtor.
Fonte: NovaCana