A expectativa do Instituto de Pesquisa e Educação Continuada em Economia e Gestão (Pecege) para a safra 2021/22 é de queda na moagem e na produção de açúcares totais recuperáveis (ATR), ou seja, na qualidade da cana-de-açúcar. A menor oferta de matéria-prima esperada é consequência das condições observadas ao longo de 2020.
A redução destes fatores é um agravante para o setor, especialmente considerando sua influência nos custos de produção das usinas. Conforme o Pecege, o momento de entressafra vivido atualmente está trazendo gastos mais altos no comparativo anual, especialmente em relação ao transporte, e a perspectiva é de aumento em diversos dispêndios, como na aquisição de matéria-prima, por exemplo.
Desta forma, o instituto espera um aumento de 9,5% nos custos de produção de cana no agregado de 2021/22. A justificativa é o choque que virá da produtividade e da alavancagem operacional, que não vão contribuir para diluição dos custos fixos como observado nas safras passadas.
“Teremos um aumento de mais de 13% no preço do ATR, tensionando arrendamento e aquisição da matéria-prima de fornecedores, e teremos um processo contínuo de elevação dos custos industriais”, afirma o economista do Pecege, Haroldo Torres.
A análise do Pecege também traz expectativas de maiores preços para os produtos em 2021/22 e elas são, no geral, positivas, podendo ser superiores ao aumento esperado nos custos. “Isso nos leva ao problema dessa safra: bons preços, porém baixa produtividade em algumas regiões, o que vai impedir a diluição de custos fixos”, lamenta Torres.
O economista explica que, desta forma, há uma possibilidade de que o setor tenha boas margens em 2021/22, até melhores do que as vistas anteriormente, porém é preciso ter uma boa gestão de custos para que eles não sofram uma variação ainda maior do que os 9,5% estimados.
Fonte: NovaCana