A divulgação do PIB dos EUA foi recebida sem surpresa por analistas. Os dados vieram dentro das expectativas da Refinivit, com alta anualizada de 2,1% no segundo trimestre de 2023 (ainda que um pouco pior do que outros consensos de mercado).
Em relatório sobre os números divulgados, o Citi considerou que o crescimento “ainda é resistente” e a inflação é vista como elevada. Para o banco, isso enfraquece possíveis argumentos para fim da alta de juros pelo Fed. Para o Morgan Stanley, a indicação é contrária, uma vez que a instituição aposta na desaceleração da economia para o quarto trimestre de 2023.
Na análise, o Citi destacou que consumo, em especial de serviços, foi revisado para baixo com a incorporação de mais dados de gastos com serviços, enquanto o investimento foi revisado para cima.
“Isso é consistente com a recente ampliação dos motores de crescimento, afastando-se apenas do consumo de serviços, mas ainda esperamos um consumo sólido no terceiro trimestre”, sugere o relatório. Outro ponto destacado na análise são as revisões nos lucros corporativos, decorrentes de uma mudança de metodologia que teria afetado as estimativas de produção do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
Aumento de juros pelo Fed
Ainda que o cenário não traga mudanças, com o contexto ainda presente de atividade econômica resistente e alta inflação, o Citi destaca que os dados explicam que os dois argumentos contrários à maiores aumentos de juros pelo Fed se tornaram menos convincentes com a divulgação de hoje.
O primeiro ponto é o dado GDI (que indica a renda interna bruta, que gera o produto interno bruto) viria mais fraco e isso sinalizaria maior fraqueza econômica. O dado aumentou 70 pontos-base e atingiu o,20% ao ano.
“Um fator importante que explica os números mais altos do GDI são a incorporação dos pagamentos de juros do Fed nas estatísticas de renda líquida de juros”, diz o Morgan Stanley.
O segundo argumento é que o PCE (índice de preços para gastos de consumo pessoal, medida de inflação mais utilizada pelo Fed) estaria com previsão muito alta para 2023.
O GDI (Gross Domestic Income) passou por revisões e algumas mudanças metodológicas que implicaram em substanciais aumentos, conforme explica o Citi. O dado estava em queda desde o quatro trimestre de 2022 mas, após as modificações, não apresenta alteração comparada com o mesmo período do ano anterior desde então. Com as mudanças, a assimetria entre o GDI e o PIB diminuiu mas ainda deve ser observada.
“O GDI ainda está menor que o PIB mesmo com essa correção e será uma dinâmica muito importante para observar, mas a divergência agora parece menos anormal”, aponta o Citi.
O PCE, por sua vez, foi revisado “notadamente para cima”, argumenta o banco, nos últimos dois anos. O crescimento foi maior de 5% em 2022, enquanto as estimativas sugeriam que ficaria em 5% ou abaixo para todos os trimestres, excluindo o primeiro trimestre de 2022.
Fonte: InfoMoney