O dólar abre a sessão desta quinta-feira (4) com queda de 0,22%, a R$ 5,576. Hoje, o mercado deve reagir à aprovação da PEC dos Precatórios. Com margem apertadíssima, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base em primeiro turno na madrugada desta quinta.
Para o mercado, a leitura era de que a PEC pode ser a opção menos ruim no momento, já que o governo podia lançar mão de medidas ainda piores para as contas públicas para bancar o novo Auxílio Brasil.
“Essa notícia deve acalmar os mercados, com efeitos tanto no dólar quanto na curva de juros”, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton.
O leilão do 5G também deve atrair a atenção dos investidores nesta quinta-feira. A nova geração de internet deve permitir conexão com velocidade ultrarrápida além de trazer avanços para a internet das coisas.
Já o Ibovespa futuro opera com leve queda de 0,21%, aos 107.085 pontos.
Produção industrial no Brasil cai 0,4% em setembro, diz IBGE (9h13)
A produção industrial brasileira registrou queda de 0,4% em setembro na comparação com o mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção caiu 3,9%. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 0,3% na variação mensal e de 4% na base anual.
Bolsas da Ásia fecham em alta, após Fed garantir postura acomodatícia (8h10)
As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta quinta-feira, após o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) reafirmar postura acomodatícia ontem, apesar de ter confirmado o início do chamado “tapering”.
Na volta de um feriado nacional, o índice japonês Nikkei subiu 0,93% em Tóquio hoje, a 29.794,37 pontos, enquanto o Hang Seng avançou 0,80% em Hong Kong, a 25.225,19 pontos, e o sul-coreano Kospi teve modesto ganho de 0,25% em Seul, a 2.983,22 pontos.
Já na China continental, o Xangai Composto subiu 0,81%, a 3.526,87 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,32%, a 2.425,16 pontos.
Exceção na Ásia, o Taiex caiu 0,25% em Taiwan, a 17.078,86 pontos.
Como era amplamente esperado, o Fed anunciou ontem o “tapering”, processo pelo qual o BC americano irá gradualmente reduzir suas compras mensais de ativos, dando início à retirada dos agressivos estímulos monetários que adotou em reação aos efeitos da pandemia de covid-19.
Por outro lado, o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou tom “dovish” e garantiu que o apoio à recuperação econômica dos EUA seguirá mesmo com o “tapering”.
Na Oceania, a bolsa australiana seguiu o tom majoritariamente positivo da Ásia, e o S&P/ASX 200 avançou 0,48% em Sydney, a 7.428,00 pontos. Com informações da Dow Jones Newswires.
Câmara aprova PEC dos Precatórios em primeiro turno, por 312 votos a 144 (2h08)
Por uma margem de apenas quatro votos, o governo conseguiu aprovar, na madrugada desta quinta-feira (4) em primeiro turno, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios na Câmara. O texto abre espaço de R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022 para o pagamento do Auxílio Brasil e outros gastos durante o ano eleitoral.
A sessão para apreciação dos destaques (sugestões de mudanças ao texto principal) e votação em segundo turno da PEC será convocada “oportunamente”, segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL). Não ficou claro se isso ocorrerá ainda nesta quinta ou na semana que vem.
Lira deu voto favorável e ajudou a aprovar a proposta. O parlamentar, que por ocupar a presidência da Casa não costuma votar, apertou o sim e contribuiu para garantir o placar vitorioso para o governo. Parte da oposição também foi crucial para que o presidente Jair Bolsonaro assegurasse seu plano para o ano eleitoral.
Foram dias de negociações, pressão sobre a oposição e promessas de emendas parlamentares para o governo obter 312 votos a favor da PEC dos Precatórios, contra 144. Por ser uma alteração constitucional, a proposta precisava de maioria qualificada, com 308 votos, ou três quintos dos parlamentares. Ainda será preciso aprovar o texto em um segundo turno de votação antes que ele siga para o Senado, onde também deve enfrentar resistências.
A aprovação coloca em modo de espera o “plano B” que o governo tem engatilhado: uma consulta ao TCU (Tribunal de Contas da União) para prorrogar o auxílio emergencial com crédito extraordinário, fora do teto de gastos – a regra que limita o avanço das despesas à inflação.
Ao longo do dia, Lira avisou que não tinha como garantir um resultado favorável, mas trabalhou intensamente pela vitória e por um texto mais palatável aos parlamentares, inclusive para a oposição.
O governo enfrentou grandes dificuldades em arregimentar o apoio necessário, tanto pelo conteúdo da PEC quanto pela retomada das votações presenciais, que se tornou um obstáculo ao alcance de quórum mais confortável. As bancadas do MDB e do PSDB, geralmente alinhadas ao governo, não engrossaram o apoio à proposta.
Lira, no entanto, angariou votos da oposição, que tinha como meta priorizar o pagamento dos precatórios que a União deve aos Estados em decorrência de ações judiciais envolvendo o Fundef, antigo fundo de educação básica.
Pelo acordo, em vez de entrar na fila das dívidas judiciais, eles serão pagos de forma parcelada: 40% no primeiro ano, 30% no segundo e 30% no terceiro. Com essa concessão, o texto ganhou o apoio de 15 parlamentares do PDT, partido de oposição ao governo.
O Podemos, que na semana que vem filia o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que deixou o governo Bolsonaro após divergências com o presidente sobre a condução dos trabalhos da Polícia Federal, deu mais quatro votos para a aprovação da PEC.
Ao chegar à Câmara, Lira evitou cantar vitória, mas garantiu que a PEC seria pautada e submetida à votação. “De hoje não passa”, disse. “Minha obrigação é pautar. Ou ela será aprovada, ou não será.”
O primeiro requerimento do chamado kit obstrução da oposição mostrou que o cenário seria difícil para o governo, mas não impossível. O pedido para retirada de pauta da PEC foi rejeitado por 307 votos a 148. Esses requerimentos servem para que a minoria tente impedir ou atrasar a análise de propostas pelos deputados, mas também servem como um indicativo do que o governo pode esperar do placar da votação do texto final.
Fonte: UOL