O dólar caía ante o real nesta terça-feira, movimento alinhado ao visto no exterior contra algumas moedas emergentes, com o clima de forma geral benigno em meio a melhora de perspectivas econômicas globais, enquanto no Brasil o mercado seguia de olho no impasse em torno do Orçamento, em nova sessão de declarações do presidente do Banco Central e do ministro da Economia.
O dólar à vista caía 0,47%, a 5,6538 reais, às 10h15. Na B3, o contrato de dólar futuro mais negociado cedia 0,26%, para 5,6590 reais.
No exterior, o índice do dólar, que chegou a subir 0,23% na sessão, tinha viés de queda, e os futuros de Wall Street ensaiavam recuperação.
“Esta será uma semana majoritariamente de comportamento internacional”, disse Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial. “Tem um sentimento de uma sensação de recuperação, uma aposta do mercado, que procura apetite por recuperação do risco global. Isso vai impulsionando os mercados no mundo inteiro”, completou.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) novamente elevou sua perspectiva para o crescimento econômico global nesta terça-feira, projetando que a produção mundial aumentará 6% neste ano, taxa não vista desde a década de 1970, graças principalmente a respostas de política econômica sem precedentes à pandemia de Covid-19.
Para o Brasil, o organismo aumentou o prognóstico para 3,7%, apenas 0,1 ponto percentual acima do previsto na estimativa de janeiro.
A melhora mais modesta no cenário para o país reflete percepção de um mercado sem convicção para apostas domésticas, sobretudo devido ao risco fiscal em meio a um ambiente político turvo.
“Paulo Guedes ontem novamente destilou seu famoso otimismo, como se nada tivesse acontecendo, como se não tivesse problema nenhum”, afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. “Na verdade, sabemos que a situação política é muito mais delicada do que se mostra.” O ministro da Economia falou em evento da XP na noite de segunda.
O imbróglio em torno do Orçamento não apenas causou mal-estar no mercado, com o texto visto como maquiado, como elevou a barreira entre Guedes e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), piorando a leitura de fraca interlocução do governo no Congresso, o que pode afetar as perspectivas para reformas.
O ministro voltará a fazer declarações em evento do Itaú Unibanco nesta terça. Mais cedo, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, reiterou que o movimento mais forte na alta da Selic no mês passado pode reduzir o orçamento total de aperto monetário.
Fonte: Reuters