O dólar reverteu perdas iniciais e chegou a saltar mais de 2% nesta quinta-feira, acima de 5,38 reais, acompanhando piora generalizada no humor internacional na esteira de uma leitura de inflação norte-americana mais alta do que o esperado, que pode forçar o Federal Reserve a intensificar o ritmo de seu já agressivo aperto monetário.
O índice de preços ao consumidor subiu 0,4% no mês passado, acelerando a alta depois de avançar 0,1% em agosto, disse o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos nesta quinta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2%.
A surpresa para cima reforçou as expectativas de que o Federal Reserve adotará uma quarta alta consecutiva de 0,75 ponto percentual nos juros em sua reunião do próximo mês, à medida que tenta frear a inflação persistentemente alta.
Operadores turbinaram as apostas de que Fed acabará elevando sua taxa básica para uma faixa de 4,75% a 5% até março do próximo ano, acima do que as próprias autoridades do Fed sinalizaram há apenas três semanas.
Arthur Mota, da equipe de estratégia e macro do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), disse em publicação no Twitter que os dados desta quinta-feira não oferecem qualquer sinal de que a inflação norte-americana atingiu seu pico sob medidas avaliadas com mais cuidado pelo mercado, como o núcleo, que exclui os preços de componentes voláteis.
"Não há espaço para 'pivot dovish'", disse ele, referindo-se à possibilidade de o Federal Reserve abrandar o seu posicionamento de política monetária, que chegou a ser considerada por parte dos mercados mais cedo neste mês.
Quanto mais agressivo é o Fed no aumento dos juros, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, conforme investidores redirecionam capital para o mercado de renda fixa dos EUA. Além disso, o aperto rígido do banco central tem levantado temores de recessão, o que vem elevando a demanda pela segurança da divisa norte-americana.
Às 10:01 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,27%, a 5,3395 reais na venda, e chegou a saltar 2,08% no pico do dia, a 5,3820 reais, na esteira dos dados dos EUA, nível que não era visto há quase duas semanas.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:01 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,86%, a 5,3605 reais.
Um índice que mede o dólar em relação a uma cesta de seis pares fortes também abandonou perdas de mais cedo e avançava 0,6% nesta manhã.
Várias divisas arriscadas a cujo movimento o real é sensível tinham queda acentuada, com rand sul-africano, dólar australiano e peso chileno cedendo de 0,8% a 1,6%.
Os futuros dos principais índices de Wall Street, por sua vez, passaram a território profundamente negativo na esteira da leitura. (NPT)
Fonte: Investing