Dólar Futuro tem menor volatilidade em quase dez anos; quando isso pode mudar?

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Dólar Futuro tem menor volatilidade em quase dez anos; quando isso pode mudar?

15/03/2024

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Os contratos de dólar futuro passam por um movimento conhecido na análise técnica por “encaixotamento”, quando o ativo tem limitadas as suas diferenças entre as máximas (resistência) e as mínimas (suporte) durante determinado período de tempo gráfico.

 

Como consequência, esse movimento gera uma redução da volatilidade do ativo, dificultando operações de curtíssimo prazo, com day trade de contratos cheios e de minicontratos de dólar futuro.

 

Especialmente neste ano, a volatilidade encontra-se no menor patamar em cerca de dez anos, portanto antes mesmo da crise do impeachment de Dilma Rousseff. Mais recentemente, entre 2022 e 2023, a volatilidade caiu, mas não como agora.

 

Diante disso, surge a pergunta: por que a volatilidade reduziu-se tanto e quando isso pode mudar?

 

Segundo traders, a resposta encontra-se na espera pelos próximos passos das autoridades monetárias, que devem definir e recalibrar os níveis de diferenciais de juros entre Brasil e EUA.

 

Dólar futuro: baixa volatilidade
Conforme Rafael Perretti, trader da Clear Corretora, enquanto no Brasil os cortes de juros ao longo de 2024 já estão “precificados” – até mesmo porque o BC começou antes a redução da Selic, em meados do ano passado –, nos EUA ainda falta clareza sobre quando isso deve ocorrer.

 

Segundo o FedWatch, da CME, existe uma aposta de 55% de corte dos juros nos EUA na reunião de junho, contra 40% de manutenção. Para a reunião de maio, do Fed, a aposta predominante, de 92%, está na manutenção. Por aqui, o Focus projeta uma Selic terminal de 9%, ao final deste ano, o que representaria cortes de 2,25 pontos porcentuais até lá.

 

“Cortamos mais cedo os juros e isso deu guidance (para o mercado), que derrubou o dólar, do patamar de 5,7, 5,5, para pouco abaixo de 5″, diz Perretti. Dessa forma, acrescenta, o dólar encontra-se, desde meados de janeiro, “em um patamar justo de negociação”.

 

Super Quarta
Nesse sentido, a próxima Super Quarta, dia 20 de março, quando acontecem as decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos, será muito importante para o dólar poder encontrar um novo patamar de negociação.

 

Não pelas decisões em si, que devem ser, conforme aposta majoritária de analistas, de corte de 0,5 pp da Selic e de manutenção dos juros, pelo Fed, mas sim pelas sinalizações de Jerome Powell, presidente do Banco Central americano, e pelo Copom, no Brasil, dos próximos passos, para o restante de 2024.

 

“O spread do juro no Brasil com o juro americano é extremamente relevante para a nossa moeda, principalmente para o ingresso de capital estrangeiro. E precisamos saber como ficará o risk-off por aqui”, acrescentou Perretti, em relação a como pode ficar a taxa de câmbio.

 

Rompimento do “caixote”
Para o trader, se o Copom seguir cortando os juros por aqui, perdendo os dois dígitos da Selic, e nos EUA ainda não tiver começado o corte, “o dólar vai ficar mais caro”, com a moeda brasileira perdendo atratividade.

 

No entanto, acrescenta ele, caso comece o ciclo de cortes do Fed, de forma mais alinhada com o Copom ou com uma maior variação do diferencial de juros, o dólar pode cair frente ao real.

 

“Caixotes” do dólar. Volatilidade registrada entre meados de 2022 e início de 2023 teve amplitude maior, em relação à atual, que começou em meados de janeiro. Fonte: Profit. Elaboração: Rafael Perretti

 

Em resumo, no “caixote” maior do gráfico acima, o dólar futuro variou dos 4.983 pontos aos 5.552 pontos, ou seja um range de oscilação de 570 pontos. Agora, neste ano, no “caixote” menor, ele está entre os 4.905 e 5.029, variação de cerca de 125 pontos.

 

O que o trader deve fazer?
Para Perreti, um range de oscilação menor dificulta a geração de uma tendência. Assim, os traders não conseguem fazer operações mais longas, “pegando muitos pontos no mercado”.

 

Conforme ele, porém, é uma questão de adaptação operacional. “Os mercados são feitos de ciclo. Se antes, dava para operar com uma ‘mão’ menor e um ‘stop’ maior; agora o trader deve operar com uma ‘mão’ maior, e um ‘stop’ mais curto.”

 

“O importante é a adaptação, pois, ao final do dia, o que se busca é o resultado financeiro”, completa.

 

 

Fonte: InfoMoney

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