O dólar registrava queda contra as principais divisas no início da manhã desta segunda-feira, 15, diante de esforços de líderes ocidentais para dissuadir Israel de uma resposta ao ataque realizado pelo Irã no fim de semana. Mesmo assim, a moeda americana permanecia em patamares elevados, devido à incerteza sobre os futuros cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e o aumento das tensões no Oriente Médio, que reduziu o apetite por investimentos de risco.
Às 8h15 de Brasília, o Índice Dólar, que mede o desempenho da divisa americana frente a seis outras moedas principais, se desvalorizava 0,17%, cotado a 105,65. Esse valor está próximo ao seu pico desde o início de novembro, após uma valorização de 1,7% na semana anterior, a maior alta semanal desde setembro de 2022.
O dólar ganhou força devido à procura de ativos de segurança, especialmente após o ataque iraniano a Israel durante o fim de semana, gerando receio de um conflito regional mais amplo, que se soma ao confronto em andamento entre Israel e o Hamas em Gaza.
"Com os aliados ocidentais pedindo cautela, o mercado acredita que o governo de Netanyahu se esquivará de respostas mais agressivas, como um ataque direto às instalações militares ou nucleares do Irã", explicaram analistas da ING em um comunicado.
Ainda de acordo com a ING, "parece prematuro afirmar que as tensões no Oriente Médio chegaram a um novo equilíbrio. Esperamos que a volatilidade do câmbio continue valorizada por mais algum tempo. Este evento reforça que, atualmente, o dólar é a moeda de refúgio mais segura, oferecendo liquidez, altos rendimentos e proteção graças à independência energética dos EUA."
Há dúvidas sobre se o Federal Reserve adiará ainda mais os cortes de juros, especialmente após a divulgação do índice CPI, que veio acima do esperado na última semana, sugerindo que as taxas de juros poderiam ser mantidas mais elevadas por um período mais longo para controlar um possível retorno da inflação.
No momento, o mercado prevê reduções de apenas 50 pontos-base nas taxas de juros em 2024, uma diminuição significativa dos 150 pontos-base projetados no início do ano.
Mais tarde hoje, serão divulgados os dados de vendas no varejo de março, esperando-se um aumento de 0,4%, o que representa uma desaceleração em relação ao crescimento de 0,6% observado no mês anterior.
"Após os dados de alta inflação nos EUA divulgados na semana passada, é improvável que uma eventual fraqueza nos dados de vendas no varejo de hoje tenha um grande impacto nas expectativas para o Fed este ano", acrescentou a ING.
Na Europa, o EUR/USD avançou 0,2% para 1,0659, ainda próximo da mínima de cinco meses de 1,0622, registrada na sexta-feira.
Comentários moderados de diversos representantes do Banco Central Europeu sugerem um possível corte nas taxas já em junho, possivelmente antes de o Federal Reserve iniciar seu ciclo de redução das taxas.
Enquanto isso, a inflação na zona do euro está ligeiramente acima da meta de médio prazo de 2,0% estabelecida pelo BCE, embora a economia do bloco esteja significativamente enfraquecida, muito abaixo dos níveis observados nos Estados Unidos.
Os dados divulgados hoje cedo indicam que a produção industrial na zona do euro cresceu 0,8% em fevereiro, mas isso ainda representa uma queda anual de 6,4%.
A libra esterlina (GBP/USD) valorizava-se 0,3% para 1,2487, recuperando-se ligeiramente após ter sofrido sua maior queda semanal percentual desde meados de julho na semana passada.
Nesta semana, os dados sobre o desemprego no Reino Unido serão publicados na terça-feira, seguidos pelos mais recentes índices de preços ao consumidor na quarta-feira.
"Considerando que as expectativas de um corte nas taxas pelo Banco da Inglaterra em junho são de apenas 31%, qualquer surpresa negativa nos dados de salários ou de serviços pode impactar fortemente a libra", observou a ING.
O iene (USD/JPY) subia 0,3% para 153,81, aproximando-se da máxima de 34 anos alcançada mais cedo na sessão. Essa fraqueza do iene deixa os investidores atentos a uma possível intervenção no mercado cambial pelo governo japonês, após alertas recentes de autoridades governamentais.
O yuan (USD/CNY) teve uma leve alta para 7,2386, mantendo-se estável depois que o Banco do Povo da China manteve as taxas de empréstimos de médio prazo inalteradas.
Fonte: Investing.com