Mesmo com os preços do petróleo avançando em direção à marca de US$ 75 por barril, os produtores de "shale" (petróleo não convencional) dos Estados Unidos estão cumprindo suas promessas de pisar no freio em termos de gastos e manter a produção estável, em movimento que se diferencia dos ciclos anteriores de expansão.
A alta dos preços do petróleo vista neste ano e os cortes de produção impostos pela Opep+ teriam, historicamente, desencadeado um "boom" de exploração. No entanto, investidores estão exigindo retornos financeiros ante volumes maiores, e os fincanciadores do setor de energia têm mudado o foco para o segmento de renováveis. Dessa forma, as companhias de "shale" estão determinadas a permanecer disciplinadas.
"Ainda estou confiante de que os produtores não vão responder" ao aumento dos preços, afirmou Scott Sheffield, presidente-executivo da Pioneer Natural Resources, maior produtora no campo de "shale" da Bacia de Permian.
O foco nos retornos aos acionistas manteve os gastos em patamares baixos, disse ele em entrevista à Reuters.
Na semana passada, os contratos futuros do petróleo dos EUA operaram acima de US$ 73 por barril, maior patamar desde outubro de 2018. Naquela época, havia 1.052 sondas de petróleo em operação nos EUA; hoje, porém, há bem menos de metade disso --cerca de 470, de acordo com dados da Baker Hughes.
A produção de "shale" permanece bem abaixo do pico de janeiro de 2020, de 9,18 milhões de barris por dia (mbpd), com a produção dos sete maiores campos atingindo 7,77 mbpd neste mês, ou 15,4% a menos do que aquele nível, segundo dados do governo norte-americano.
No geral, a produção de petróleo dos EUA no primeiro trimestre foi, em média, de 83% do pico do ano passado. Recentemente, o país elevou sua estimativa para a produção média em 2021 a 11,08 mbpd, devido aos preços mais altos da commodity, mas ela segue cerca de 200 mil bpd abaixo da média do ano passado.
"Os preços do petróleo provavelmente chegarão a US$ 80 por barril em breve, e eu não vejo nenhum acréscimo de sondas (à operação)", disse Sheffield.
Um salto nas atividades dos campos petrolíferos poderia elevar os preços dos serviços, que já subiram cerca de 6%. A Pioneer pode inclusive reduzir seu número de sondas em atividade caso as operações se tornem mais eficientes, disse ele.
Fonte: CNN Brasil