Não é impressão sua. Os consumidores aumentaram o consumo de alimentos saudáveis após a pandemia. Frutas, legumes e verduras entraram com mais frequência na cesta de compras dos brasileiros. Quem está ganhando com esse comportamento são as empresas especializadas em hortifrútis.
“2020 foi um ano excelente para gente. Além dos fatores setoriais, teve um conjunto de coisas que nos ajudaram a crescer, como a mudança de comportamento do consumidor com a migração das refeições para dentro do lar e a busca por aumentos saudáveis e frescos”, disse Thiago Picolo, CEO do Hortifruti Natural da Terra.
De quanto foi o crescimento? Números da Nielsen mostram que o faturamento da cesta de perecíveis frescos cresceu 17,3% no acumulado do ano (até março) em relação a igual período de 2020. Destrinchando essa cesta, o aumento foi de 15% para frutas e de 103% para vegetais e saladas.
O que explica esse crescimento? O avanço da categoria FLV (frutas, verduras e legumes) está baseada em dois pilares: aumento da refeição dentro de casa e busca por alimentos saudáveis. “Os produtos que apelam para a saudabilidade têm um desempenho de vendas melhor que os outros. Até costuma-se falar de indulgência permitida. As pessoas não abrem mão da indulgência se houver esse apelo da saudabilidade”, diz Bruno Achkar, coordenador de atendimento ao varejo da Nielsen.
Outro fator que pesou foi o fato de as pessoas estarem fazendo a maioria das refeições dentro de casa por conta da pandemia. “Não é que as pessoas não comiam esses alimentos antes, mas com a pandemia precisaram prepará-los dentro de casa”, afirmou Achkar.
Por conta do home office, o consumidor também busca praticidade na hora de cozinhar. Por isso, legumes, verduras e legumes lavados e cortados representam uma fatia significativa das vendas dos hortfrútis.
“É muito mais conveniente já comprar uma couve fatiada e higienizada do que um pé inteiro. Poupa um tempo enorme para as famílias que querem uma alimentação saudável e não podem perder tempo para prepará-los”, afirma Marcos Hirai, CEO da Omnibox. startup especializada em varejo autônomo.
Qual o diferencial dos hortifrútis? Diferentemente dos supermercados, esse formato de loja oferece uma variedade de produtos, frescor e qualidade similares aos das feiras livres. E diferentemente das feiras livres, os hortfrútis oferecem um ambiente mais arrumadinho: ar-condicionado, estacionamento, atendentes especializados e caixas que aceitam pagamentos em dinheiro e cartões – bem parecidos com os supermercados.
“Nosso maior diferencial é a qualidade e sortimento. O cliente não vai encontrar só um tipo de maçã. Temos 12 variedades de maçãs e 14 e tomate. E ele não precisa ficar escolhendo, separando. Porque tudo está com a coloração perfeita, sem defeitos de pele e na doçura certa”, afirma Picolo, da Natural da Terra.
Toda essa qualidade e sortimento tem um custo: os preços costumam ser maiores do que nos supermercados e feiras livres.
Para Claudio Felisoni, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo e Mercado de Consumo), a pandemia impulsionou compras em negócios de menor tamanho. “O consumidor passou a preferir fazer compras perto de casa e em lojas menores. Esse modelo de negócio consegue atender esse cliente de bairro com mais agilidade, qualidade de atendimento e demanda fracionada.”
A busca por frutas, verduras e legumes está impulsionando novos negócios? Sim. A Omnibox, por exemplo está testando um projeto piloto de hortfrúti autônomo (sem funcionários) em um condomínio de Osasco, na Grande São Paulo, que tem 5.000 moradores.
“As porções fracionadas e higienizadas são as que mais vendem, principalmente entre os mais jovens. Outra curiosidade é que vemos um público mais velho que nunca fez compra pela internet, mas que vai diariamente na loja autônoma fazer compras”, afirma Hirai.
Com 71 lojas espalhadas entre Rio de Janeiro e São Paulo, a Natural da Terra tem planos de expansão da rede para outras praças – cidades do Espírito Santo e Minas Gerais estão na mira da empresa. Além disso, a empresa aposta no lançamento de um formato de loja compacta, batizada de Leve, com no máximo 200 m².
Fonte: 6 Minutos/UOL