O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa Selic em seu atual patamar de 13,75% ao ano. Apesar disso, o Banco Central não apontou para um fim do ciclo de altas, deixando as portas abertas para reajustes futuros.
Para Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, a movimentação da autoridade monetária sinaliza cautela com os indicadores econômicos nacionais e incertezas vindas do exterior.
“O cenário é positivo para a frente com a queda recente dos índices de inflação. Entretanto, a demanda interna e o aquecimento do mercado de trabalho podem atenuar a desinflação”, afirma.
O especialista de renda fixa da Suno Reseaerch, Vinicius Romano, destaca que o comunicado do Banco Central deixa claro que seu principal objetivo é consolidar não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
“Como principais riscos para uma alta futura dos juros, o Copom destaca a maior persistência na inflação global, incerteza sobre o fiscal e hiato do produto menor que a expectativa do Comitê”, comenta.
Reajuste residual
Na reunião passada, o Copom sinalizou a possibilidade de um reajuste residual de 0,25 ponto percentual. Durante um evento, o presidente Roberto Campos Neto chegou a reforçar que o ciclo sofreria um novo aperto.
“Parte do mercado avaliou que o presidente do Banco Central estava admitindo a possibilidade até de um novo aumento”, aponta Bertotti.
Ele também destacou que os economistas apostavam em um corte na Selic no início de 2023, mas a fala de Campos Neto foi um alerta de que o Banco Central não está disposto a tomar medidas precipitadas.
E o comunicado ressalta que a autoridade monetária se manterá vigilante. “Ao final, houve o reforço da mensagem de vigilância, com ênfase para a possibilidade de aperto adicional caso a estratégia de manutenção do juro em patamar elevado não seja suficiente para garantir a convergência da inflação”, afirma Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.
Fonte: Money Times