O Ibovespa Futuro abre em alta nesta quinta-feira (18) após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic em 0,75 ponto percentual para 2,75% ao ano apontando ainda para mais um aumento de igual magnitude na próxima reunião.
A expectativa dos economistas era de um aperto menor, de 0,5 p.p. na taxa básica de juros, de modo que a sinalização do Banco Central foi inequivocamente hawkish (favorável a usar a política monetária para combater a inflação).
De um lado, isso mostra a independência do BC e um compromisso em combater o avanço da inflação, que já chegou a 5,2% nos últimos 12 meses segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro. Por outro, conforme os juros aumentam, ativos de renda variável se tornam menos atrativos em comparação com a renda fixa.
Contudo, sobre o último ponto, em relatório, a XP Investimentos destacou que a alta taxa de juros não deve impactar a trajetória do Ibovespa ou afetar o fluxo de renda fixa para ações, uma vez que os juros reais (juros nominais subtraído da inflação) devem continuar próximos de zero. “Levando em consideração que a nossa expectativa de inflação é em 4,9% e da Selic em 5,0% para final de 2021, as taxas reais continuarão muito baixas, prevendo ainda um baixo retorno real para investidores em renda fixa”, avaliam Jennie Li, Maira Maldonado e Leonardo Pinto, que assinam o relatório.
Já nos Estados Unidos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) manteve a taxa de juros entre 0% e 0,25% sinalizando que esse patamar irá continuar até pelo menos 2023. Os membros do Federal Reserve ainda revisaram para cima suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2021 de crescimento de 4,2% para 6,5%.
Em discurso após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, ressaltou que o banco central quer ver a inflação consistentemente acima da meta de 2% e sinais de melhora no mercado de trabalho dos EUA antes de considerar mudanças nas taxas ou em sua política de compra mensal de títulos, atualmente em US$ 120 bilhões por mês.
Às 9h12 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em abril de 2021 tinha alta de 0,6%, a 117.300 pontos.
Enquanto isso, o dólar comercial opera em queda de 1,74% a R$ 5,487 na compra e a R$ 5,489 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em abril registra perdas de 1,78% a R$ 5,487.
Sacha Tihanyi, chefe de estratégia de mercado emergente da TD Securities, destacou à Bloomberg que a decisão do BC deve apoiar o real, “particularmente dada a orientação de que podemos esperar outros 0,75 ponto na próxima reunião”. “Estão tentando se antecipar ao aumento rápido dos riscos de inflação e da ameaça de aumento do prêmio de risco fiscal”, apontou.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe 27 pontos-base a 4,52%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de 17 pontos-base a 6,11%, o DI para janeiro de 2025 avança dois pontos-base a 7,41% e o DI para janeiro de 2027 opera estável a 7,88%.
Voltando ao exterior, os mercados europeus aguardam pela conclusão da Agência Europeia de Medicamentos sobre a segurança da vacina contra o coronavírus desenvolvida pela parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford.
O comitê de segurança da instituição deve se reunir nesta quinta, após alguns países, entre eles Alemanha, Espanha, França, Itália e Suécia, suspenderem a aplicação do imunizante devido à preocupação de que ele poderia estar causando coágulos sanguíneos.
O temor acontece apesar de a União Europeia e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já terem deixado claro que os dados disponíveis indicam que a vacina é segura, e que os benefícios para a saúde são mais fortes do que os potenciais riscos.
Em uma declaração, a Agência Médica Europeia já ressaltou que “muitas milhares de pessoas desenvolvem coágulos sanguíneos todo ano na União Europeia, por diversos motivos”, e que o número de incidentes entre aqueles vacinados “não parece ser mais alto do que o observado na população em geral”.
Fonte: InfoMoney