O Ibovespa opera com volatilidade, apesar da alta das bolsas norte-americanas e das ações ligadas a commodities. Os investidores adotam cautela, em meio a eventuais desdobramentos das tensões entre Israel e Irã, por conta das dúvidas fiscais no Brasil e sobre a política monetária local e nos Estados Unidos.
Destaque à alta do dólar à vista, que chegou a R$ 5,1914 e ao avanço dos juros futuros, diante da aceleração dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, por conta de temores de que o Fed demore mais para comerçar a cortar os juros do país.
Hoje, há certo alívio nos índices acionários externos, diante de sinais de que Irã e Israel evitam entrar em conflito direto após os ataques iranianos lançados contra território israelense no fim de semana. Contudo, especialistas dizem que o sinal de alerta continua.
"Ouro e petróleo caindo, bolsa subindo passa uma mensagem de que o mercado entrou no fim de semana com muito prêmio de risco, ou seja, já prevendo o pior que não aconteceu", avalia Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos.
Para Mônica Araujo, estrategista de renda variável da InvestSmart XP (BVMF:XPBR31), recuperação das bolsas é vista como natural, depois da corrida para a segurança na sexta-feira. "É claro que ainda ficam alertas quanto a possíveis desdobramentos do conflito entre Irã e Israel", pondera.
Segundo Saadia, os passos seguintes do mercado virão da probabilidade de Israel responder ao ataque do Irã. "Nos próximos dias, investidores colocarão uma lupa nisso em vez de em dados macroeconômicos ou vindos dos bancos centrais", diz.
Em meio à valorização de 2,18% do minério de ferro em Dalian, na China, hoje, as ações do segmento metálico avançam no Ibovespa. Ainda, o mercado avalia novas diretrizes da China para os mercados de capitais que enfatizam a proteção a investidores, enquanto espera a divulgação do PIB do país à noite.
Nem mesmo o recuo de quase 1,80% do petróleo, após superar a marca dos US$ 90 o barril na semana passada, prejudica as ações da Petrobras (BVMF:PETR4). Aliás, os papéis da estatal permanecem no centro das atenções, diante das incertezas na empresa, a poucos dias da reunião do conselho de administração da estatal, que ocorrerá na sexta.
O recuo do petróleo tende a pressionar um pouco menos a Petrobras por reajuste de combustíveis, dada a defasagem elevada com os preços internacionais. "Abranda um pouco essa questão, mas temos um cenário de muita instabilidade diante das incertezas na empresa", avalia Mônica, da InvestSmart XP.
Ao mesmo tempo, acrescenta a estrategista de renda variável, os investidores monitoram as questões fiscais, dado que hoje está prevista a divulgação da meta fiscal para 2025, que deve ser de um primário zerado, que também é o estimado para 2024. Investidores e especialistas continuam desconfiados quanto ao cumprimento da meta fiscal neste ano.
Ao mesmo tempo, fica no radar a informação de que a entrega dos projetos de lei complementar que vão regulamentar a reforma tributária foi postergada em uma semana - de hoje para o dia 22 - por conta da viagem do ministro Fernando Haddad (Fazenda) ao exterior, conforme apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "Temos um sinal ruim em relação à meta, ao fiscal", afirma Mônica, da InvestSmart XP.
Além disso, os investidores mantêm-se despertos quanto a uma escalada dos conflitos geopolíticos e receosos quanto ao início do corte dos juros americanos.
Outro ponto de atenção é a divulgação prevista para hoje à tarde da meta fiscal para 2025, que deve ser de um primário zerado, que também é o estimado para 2024. Investidores e especialistas continuam desconfiados quanto ao cumprimento da meta fiscal neste ano.
Às 11h23, o Ibovespa subia 0,09, ao 126.060,64 pontos, após avanço de 0,23%, na máxima aos 126.229,52 pontos, e mínima aos 125.641,11 pontos (-0,24%). Petrobras subia entre 0,51 (PN) e 0,92% (ON).
BRF (BVMF:BRFS3) subia 8,37%, puxando o grupo as oito maiores elevações do Ibovespa, após o Goldman Sachs (NYSE:GS) elevar recomendação para neutra para os papéis da empresa. Já Minerva (BVMF:BEEF3) ia na pona oposta, ao ceder 6,24%.
Fonte: Estadão Conteúdo
Extraído de Investing.com