A Instituição Fiscal Independente (IFI) elevou novamente sua projeção para o IPCA de 2023, de 5,3% estimados em janeiro para 5,6% no Relatório de Acompanhamento Fiscal de fevereiro, divulgado nesta quarta-feira (15). A projeção em dezembro estava em 4,7%.
Segundo o relatório, apesar da expectativa de desaceleração dos preços livres – dada a tendência de queda dos preços das commodities em reais e de abertura do hiato do produto – os preços administrados sofrerão impacto do reajuste de preços para as distribuidoras promovido pela Petrobras no final de janeiro.
Para 2024, a inflação projetada subiu ligeiramente, de 3,7% há um mês para 3,8% agora. Em um cenário alternativo, supondo juros estáveis em 13,75% a.a. ao longo do horizonte relevante (uma alternativa citada pelo próprio Banco Central no último Copom), as projeções de inflação do IFI caminhariam para 5,5% em 2023 e 2,8%, em 2024.
PIB
Em relação ao PIB, a IFI manteve a projeção de crescimento de 0,9% neste ano. A redução do ritmo de crescimento (para 2022, a projeção é de alta de 3%) é explicada, em grande parte, pela moderação do crescimento da economia global e pelo aperto das condições financeiras.
“Apesar do alto grau de incerteza em relação ao crescimento de 2024, dependente dos rumos da política econômica, reduzimos a projeção de crescimento do PIB de 1,6% para 1,4% devido ao ajuste promovido no patamar da Selic (atingindo 13,00% e 10,00% ao final de 2023 e 2024)”, comentou a IFI no relatório.
Cenário fiscal
A projeção da IFI para as despesas primárias da União em 2023 sofreu um leve recuo, de apenas R$ 2,2 bilhões, em relação ao cenário de janeiro, devido a mudanças no cenário macroeconômico e das receitas primárias, que sensibilizam as projeções de despesas.
Também contribuiu para a revisão a mudança da vigência de algumas despesas anunciadas pelo governo, como o novo valor de salário-mínimo de R$ 1.320, que deve entrar em vigor apenas em maio.
“No cenário prospectivo ainda restam incertezas, principalmente em relação à nova âncora fiscal. No entanto, ao considerar as regras fiscais vigentes e as recentes mudanças na estrutura de gastos primários, os cenários da IFI indicam um aumento de 0,7 p.p. do PIB em 2023, seguido de estabilidade em 2024.”
No lado das receitas, a IFI projeta uma receita primária total do governo central de R$ 2.315,4 bilhões em 2023 e de R$ 2.484,6 bilhões em 2024, motivada pelas revisões realizadas para cima nas receitas administradas e na arrecadação líquida para o RGPS, a partir da incorporação dos dados levantados pela IFI no Portal Siga Brasil, do Senado Federal, atualizados até janeiro de 2023.
Esse cenário, por sua vez, nos levaria a um resultado primário de déficit de 1,3% do PIB para 2023, com uma leve melhora para 2024 (1,1% do PIB).
A IFI estima que a Dívida bruta do governo geral (DBGG) suba a 78,7% do PIB ao fim de 2023 e a 82,3% em 2024.
Para estabilizar a dívida bruta em 73,5% do PIB (valor encerrado em 2022, de acordo com o BC), a IFI calcula que seria necessário um superavit primário de 3,8% do PIB em 2023, considerando taxa real de juros implícita da dívida em 6,1% e crescimento real da economia de 0,9%.
Estendendo o exercício para o período de 2024 até 2031, e considerando um crescimento real médio da economia em 1,9% e juros reais implícitos da dívida de 3,9% a.a., seria necessário um superavit primário de 1,5% para manter a DBGG estável em 73,5%.
Fonte: InfoMoney