A cautela internacional contamina o Ibovespa, diante das continuadas incertezas quanto ao início do afrouxamento monetário nos Estados Unidos. As bolsas norte-americanas caem, após alta mais cedo e a maioria dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA sobe.
Os temores externos se somam a questões internas, como o crescimento acima do esperado das vendas varejistas em fevereiro, que já contamina os juros futuros, e as dúvidas fiscais, em meio indícios de mais gastos.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse na quarta-feira que há entendimento na Casa para aprovar o projeto de lei que altera o arcabouço fiscal e abre brecha para antecipar R$ 15 bilhões em despesas.
“O fiscal segue sendo risco. A economia está deficitária, e não sabemos se o governo arrecadará o necessário”, diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Ibovespa cai, com Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4)
Nem mesmo a valorização de 1,29% do minério de ferro em Dalian, na China, a quarta consecutiva, alivia. As ações Vale zeravam a alta e viraram e as da Petrobras cediam após ganho recente, e diante do recuo do petróleo.
No caso da estatal, os investidores ainda avaliam sinais de permanência de Jean Paul Prates na presidência da empresa, pelo menos por ora, e de distribuição de parte dos dividendos extraordinários.
Mais cedo, o índice de preços ao produtor, o PPI (na sigla em inglês) norte-americano, atingiu 0,2% em março ante fevereiro, ficando abaixo da alta de 0,3% das expectativas.
O indicador da inflação no atacado dos Estados Unidos sai um dia após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ter conduzido as apostas para o primeiro corte dos juros no país para setembro deste ano, e não mais em junho ou julho.
“O PPI não tem poder de trazer busca por risco, não tem poder de mudar o panorama de ontem, em relação à política monetária dos EUA”, avalia Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Ainda no exterior, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu deixar suas principais taxas de juros inalteradas pela quinta vez consecutiva, em linha com as expectativas. A taxa de refinanciamento do BCE permaneceu em 4,50%, a de depósitos, em 4%, e a de empréstimos, em 4,75%.
Ontem, o Ibovespa fecha em baixa de 1,41%, aos 128.053,74 pontos.
Às 11h51, caía 0,56%, aos 127.319 pontos, ante abertura aos 128.051,34 pontos. Vale caia 0,1% e Petrobras cedia 0,43% (PN) e -0,41% (ON).
Fonte: InfoMoney