Os dados divulgados nesta quarta-feira, 10, pelo IBGE mostraram um recuo na inflação de serviços, setor que, na avaliação do mercado, continua sendo puxado pela recuperação do mercado de trabalho. Na composição do IPCA, a variação dos preços de serviços foi de 0,10% em março, ante 1,06% em fevereiro.
A desaceleração em serviços foi puxada pelo fim do impacto dos reajustes de mensalidades escolares – que tradicionalmente acontece em fevereiro -, assim como por uma nova queda nos preços das passagens aéreas e de pacotes turísticos, explicou o gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, André Almeida. O fim das férias teria ajudado não apenas no recuo das passagens aéreas, como também na queda de outros serviços turísticos no mês, acrescentou ele.
No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços registrou queda: de 5,25%, em fevereiro, para 5,09% em março – menor patamar desde janeiro de 2022, quando também estava em 5,09%. “O que a gente tem observado nos últimos meses é essa desaceleração da inflação de serviços, embora ainda acima, em 12 meses, da inflação geral”, apontou Almeida.
Questionado sobre uma possível influência de demanda sobre a inflação de serviços, o pesquisador afirmou que o mercado de trabalho aquecido, com queda na taxa de desemprego e alta na de renda do trabalhador, pode contribuir para uma maior procura por produtos e serviços, mas que, por ora, o IPCA segue mostrando uma taxa de inflação de serviços em desaceleração no acumulado em 12 meses.
Para a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, a inflação de serviços continua sendo uma preocupação para o mercado. “Apesar de o IPCA ter desacelerado em março, ainda vemos a inflação de serviços muito pressionada pelo mercado de trabalho aquecido, o que representa um risco altista para os juros”, escreveu ela, em relatório.
Contribuição
O item com maior peso individual na inflação de março foi o plano de saúde, que ficou 0,77% mais caro, uma contribuição de 0,03 ponto porcentual para o IPCA. O brasileiro também pagou mais por produtos farmacêuticos (0,52%), com destaque para antibióticos (1,27%) e analgésicos e antitérmicos (0,55%).
Na passagem de fevereiro para março, o consumidor encarou mais alimentos com aumentos de preços, porém, os reajustes foram mais amenos. O gasto com alimentação e bebidas subiu 0,53% em março, respondendo por cerca de dois terços de toda a inflação do mês. O índice de difusão de itens alimentícios (que mostra o porcentual de produtos com aumentos de preços) passou de 56% para 61% em março.
Segundo Almeida, os preços dos alimentos têm subido nos últimos meses por uma influência climática sazonal, que neste ano foi agravada pela ocorrência do fenômeno El Niño. As intempéries prejudicaram algumas lavouras, reduzindo a oferta de determinados itens.
Fonte: Estadão Conteúdo
Extraído de IstoÉ Dinheiro