A inflação ao consumidor no Brasil deve ter subido menos em março, em comparação com fevereiro, após perda de pressão em educação e, de forma mais tímida, na alimentação no domicílio, segundo economistas consultados pelo Investing.com Brasil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta quarta-feira, 10, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com a expectativa consensual de uma variação mensal de 0,25%, ante 0,83% em fevereiro.
Fábio Romão, economista sênior da LCA, espera uma descompressão inflacionária para uma variação de 0,23%, diante da diluição da pressão sazonal em educação. “Há um aumento sazonal do começo do ano de cursos regulares, educação Infantil fundamental, ensino médio, ensino superior, ensino particular em todos os níveis, além de cursos de inglês, outro idioma, de informática”, detalha. Em comunicação, itens que subiram forte em fevereiro podem perder força, com queda na tarifa de telefonia fixa, por exemplo.
O Banco Central segue vigilante porque a inflação é bastante heterogênea, segundo o especialista da LCA, ao lembrar alta nos serviços nos últimos dois anos, diante de uma demanda reprimida durante a pandemia de covid-19. Daqui para frente, a LCA projeta um arrefecimento dos serviços, mas aqueles intensivos em mão de obra seguem pressionados, com a pujança do mercado de trabalho e robustez da massa real de rendimento.
“Tudo isso dá uma certa concepção de que orientação da inflação está perdendo força, mas seria preciso manter vigilância”, alerta, ao ponderar que o ciclo de cortes nos juros pode ser interrompido antes do que o previsto. A LCA espera Selic a 9% e IPCA em 3,7% ao final deste ano, após revisões baixistas nas projeções inflacionárias, principalmente em alimentação no domicílio, com efeitos do El Niño menos drásticos do que o esperado.
Além da perda de força em alimentação no domicílio e educação, uma deflação em passagens aéreas pode ser um fator baixista, assim como saída de contabilização de aumento de imposto em combustíveis, segundo o economista Leonardo Costa, da ASA Investments, que espera uma variação de 0,25% nesta leitura do IPCA.
“O que é importante é o que o Copom tem sinalizado - que a média de núcleos desacelera bastante. Eu acho que o BC tem dado bastante ênfase à inflação subjacente de serviços, e é um dos poucos de grupos que deve acelerar agora em março”, pondera, indicando que a autoridade monetária tende a ser mais conservadora na abordagem devido à preocupação com esses núcleos. A projeção é de um IPCA a 3,6% ao final deste ano, com Selic a 8,5%.
“A gente acredita que a inflação ela vai desacelerar um pouco mais, no primeiro trimestre foi um pouco mais elevado mesmo, mas que nos próximos meses deve ter mais aceleração que pode colaborar para o Banco Central”, conclui.
Atenções em núcleos e inflação de serviços também são destacados por Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren, que estima uma alta mensal de 0,24% no IPCA.
Angelo concorda que, em fevereiro, reajustes de mensalidades escolares pressionaram o indicador, mas essas compressões devem diminuir em março. Itens de comunicação, como streaming, televisão por assinatura, que também foram reajustados no início do ano, seguem na mesma linha. Mas as atenções estarão voltadas à alimentação no domicílio, no entendimento da especialista. “Nos dois meses desse ano, já acumulou alta de quase 3% de alimentação. E é esperado que isso comece a arrefecer, desacelera, mas muito timidamente. A gente espera que a deflação de alimentação do domicílio só com aconteça de fato em maio”.
Núcleos e inflação de serviços serão monitorados de perto pelo Banco Central, aponta a economista, que avalia que essa composição deve ser mais benigna. A expectativa é que o dado possa reforçar a tese de continuidade do ciclo de cortes na Selic, segundo Angelo – e projeção da Warren indica IPCA a 3,95% e Selic a 9% ao final do ano.
Fonte: Investing.com