Com expectativa para um eventual corte na taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, atualmente em 13,75%, os mercados estarão atentos ao dado de inflação do mês de junho, que será divulgado na próxima terça-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O consenso é de deflação no período, segundo economistas consultados pelo Investing.com Brasil.
Em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,23%, desacelerando frente a abril, quando atingiu 0,61%. No acumulado em doze meses, o indicador de maio foi de 3,94%, caindo de 4,18% em abril.
Último Boletim Focus, com estimativas de economistas consultados pelo Banco Central, aponta para uma queda de 0,10% no indicador no mês de junho.
A XP (BVMF:XPBR31) estima deflação de 0,11% no mês passado. Caio Megale, economista-chefe da XP, cita como motivos a queda de gasolina e nos preços de alimentos, mas em julho haverá um ajuste para cima com o retorno da cobrança de impostos sobre os combustíveis (PIS/Cofins e Cide).
“E a alimentação é volátil, os grãos do mercado internacional voltaram a subir então é provável que nos próximos dois ou três meses a gente tenha um repiquezinho de alguns preços. Então a gente vai ter uma deflação em junho, mas é mais por um alinhamento de astros do que por uma tendência”.
A expectativa da XP é de um IPCA fechando o ano de 2023 em 4,9%, enquanto o Boletim Focus indica uma inflação de 4,98% ao final de 2023, com Selic a 12%.
O economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, estima uma deflação de 0,16% no mês de junho, o que poderia abrir caminho para o cumprimento da meta de inflação, em sua visão. Se o indicador não for negativo, deve beirar estabilidade, estima.
“A deflação seria puxada pelo comportamento dos preços de alimentos, que vêm mostrando redução em outros indicadores como IPC-S semanal, assim como etanol e gasolina”, concorda.
Com esse resultado, Galhardo espera que a inflação termine o ano entre 4% e 5%, projetando 4,99% no momento da entrevista, mas com viés de baixa, segundo ele.
Galhardo comemora que os núcleos têm mostrado resultados melhores, com desaceleração da média, e diminuição do índice de difusão.
Adriana Dupita, economista sênior da Bloomberg Economics, projeta uma deflação de 0,10% e também concorda que a alimentação deve trazer o indicador para baixo, conforme os dados prévios (IPCA-15).
“O preço da alimentação registra uma queda, super natural de imaginar, dado que preço de commodities caiu desde o começo do ano. O segundo fator é a queda do preço de combustível pela Petrobras (BVMF:PETR4), ainda que tenha um pouco de reposição de imposto, o preço de etanol deve ficar bastante negativo no mês e deve ter recuo ainda no preço de botijão de gás”, elenca.
A economista aponta ainda como fatores baixistas as medidas do governo de concessão de benefícios para compra de automóveis, o que resultou na diminuição dos preços.
Próxima decisão do Copom em foco
Na sua última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu indícios de que pode começar o ciclo de flexibilização na próxima reunião, que será realizada no mês de agosto.
Se a deflação realmente se confirmar, abre ainda mais espaço para o primeiro corte na taxa de juros desde o ciclo de restrição monetária. Hoje, a Selic está em 13,75%, mas Galhardo espera cortes em agosto, começando por “finalmente e tardiamente, em 0,25 ponto percentual”. O economista projeta Selic ao final do ano em 12,25% e 9,5% em 2024.
A expectativa da economista da Bloomberg Economics é ainda menor, de 12%, com viés de baixa a depender dos próximos dados do núcleo. “A grande dúvida que a gente tem não é tanto sobre como está vindo a inflação cheia, ela tem tanto ruído que nem o Banco Central está precisando atenção mais nela. Acho que a gente precisa ver são as chamadas medidas de inflação subjacentes”, reforça Dupita.
Fonte: Investing,com