Ipea mantém previsão de 1,1% para crescimento do PIB em 2022

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Ipea mantém previsão de 1,1% para crescimento do PIB em 2022

31/03/2022

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quinta-feira (31/3), a Visão Geral da Conjuntura, análise trimestral da economia brasileira. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para 2022, foi mantida em 1,1%, com mudanças, porém, na composição setorial do crescimento.



Pela ótica da produção, houve redução do crescimento esperado para o setor agropecuário no ano, de 2,8% para 1%, devido à diminuição das estimativas para a produção de soja, que passaram a ser de queda de 8,8%, mesmo com o aumento de 3,7% da área plantada. Para a indústria, a taxa projetada anteriormente também foi reduzida, de um crescimento nulo para uma queda de 0,8%. Essa revisão decorreu do dado divulgado para o quarto trimestre de 2021, que veio abaixo do esperado e ensejou um carregamento estatístico negativo para 2022, além dos efeitos persistentes da desorganização das cadeias de abastecimento globais e dos impactos defasados do maior aperto monetário doméstico. A manutenção da taxa de crescimento do PIB projetada para 2022 em 1,1% decorre, portanto, da revisão para cima do crescimento esperado do setor de serviços, que passou de 1,3% para 1,8%. O maior otimismo em relação à evolução desse setor decorre principalmente da expectativa de redução gradual dos efeitos da pandemia sobre a mobilidade urbana e as atividades econômicas. A recuperação do setor de serviços deverá sustentar o bom desempenho dos indicadores de ocupação, gerando um efeito positivo na demanda doméstica.



O cenário previsto para 2023 é de crescimento do PIB em 1,7%. Nesse cenário, a Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea considerou que a taxa de juros deverá ser gradualmente reduzida a partir do início de 2023 e fechar o ano em torno de 9%, acompanhando o movimento de queda nas taxas de inflação, o que deve favorecer o mercado de crédito e os investimentos. Um mercado de trabalho mais aquecido será determinante para a demanda. Espera-se também que o aumento de preços de commodities seja temporário no cenário base e a taxa de câmbio fique estável, em relação ao fim de 2022, em R? 5,20. Ainda mais importante, consideramos que haverá menos incerteza por conta do fim dos efeitos da guerra na Ucrânia e de efeitos mínimos da pandemia, o que deve garantir uma evolução positiva das atividades ligadas a comércio e serviços. No que se refere à política fiscal, este cenário pressupõe a manutenção de um arcabouço de regras fiscais compatível com o compromisso com a disciplina fiscal, mantendo sob controle o risco associado à evolução das contas públicas.



As previsões para a inflação também foram alteradas no mundo todo em função dos impactos econômicos do choque causado pelo conflito militar na Ucrânia. Mesmo diante de um comportamento mais benevolente do câmbio - com valorização de 15% no ano até agora -, a manutenção da trajetória de alta dos preços das commodities no mercado internacional, aliada ao impacto da guerra sobre os preços do petróleo e aos efeitos climáticos adversos sobre a produção doméstica de alimentos, levou a uma revisão das estimativas feitas pela Dimac/Ipea para 2022.



Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a variação prevista em 2022 passou de 5,6% para 6,5%, enquanto que, para o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC), a taxa projetada mudou de 5,5% para 6,3%. Embora as estimativas de inflação para o ano tenham aumentado ao longo das últimas semanas, ainda se mantém a perspectiva de um cenário de desaceleração inflacionária, tanto para 2022 quanto para 2023. Além disso, mesmo acima do patamar projetado inicialmente, o IPCA e o INPC devem encerrar 2022 com uma variação bem abaixo da observada em 2021. Para 2023, as projeções de inflação indicam a manutenção dessa trajetória de desaceleração, com taxas previstas de 3,6%, tanto para o IPCA quanto para o INPC, no próximo ano.



O estudo analisa também a evolução da conjuntura recente, começando pela economia mundial e os reflexos da guerra, que levaram a revisão de expectativas em vários países: de maior inflação e de menor crescimento. Um box analisa a questão dos fertilizantes -- produção nacional, importação e efeitos iniciais do conflito. Uma das conclusões é que, para a atual safra, o grosso das áreas já foi devidamente adubado e apenas a partir de agosto eventuais faltas de adubos podem de fato começar a afetar a agricultura.


Fonte: Ipea

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