A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos afirmam que os EUA precisam confiar na estratégia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados , a Opep+. A Casa Branca e autoridades de outros grandes países importadores pedem que o grupo aumente a produção de petróleo após a Rússia invadir a Ucrânia.
O barril de petróleo chegou perto de US$ 140 logo após a invasão no mês passado, mas recuou para cerca de US$ 110 esta semana, em meio à disparada nos casos de covid-19 e ordens de lockdown mais rígidas na China. Ainda assim, a cotação acumula alta de 40% neste ano.
Representantes da Opep+, liderados por Arábia Saudita e Rússia, se reúnem nesta quinta-feira para decidir sobre os níveis de produção em maio, mas já sinalizaram que não veem necessidade de alterar sua estratégia de acréscimos mensais graduais.
"Somos especialistas no nosso ramo e fazemos isso há muito tempo", disse o ministro da Energia dos EAU, Suhail al Mazrouei, durante uma conferência em Dubai na terça-feira. Ao lado dele estava sentado o ministro de Energia da Arábia Saudita. "Estamos tentando equilibrar o mercado e não é tarefa fácil. Não somos os únicos produtores no mundo e quando falamos que esta é a maneira correta, sabemos por experiência. Então, confiem em nós."
Segundo a Opep+, os preços dispararam por causa da tensão geopolítica e há poucas evidências de déficit significativo na oferta de petróleo.
O fluxo vindo da Rússia provavelmente diminuiu em 1,5 milhão de barris diários desde a invasão, de acordo com o International Energy Forum, organização multilateral com sede em Riad. O secretário-geral do IEF, Joe McMonigle, disse à Bloomberg Television que em cerca de duas semanas haverá informações robustas e que a Opep+ avaliará esses dados.
A Opep+ reduziu a oferta em 10 milhões de barris diários no início da pandemia, que derrubou a demanda por petróleo. A entidade ainda está no processo de reverter o corte na oferta. EUA, Japão e Europa tentaram convencer o grupo de 23 nações a acelerar o ritmo mensal de aumento da produção, atualmente em 400 mil barris por dia.
O príncipe saudita Abdulaziz bin Salman reiterou que a Opep+ precisa ignorar a política e focar no equilíbrio entre oferta e demanda. Os representantes da Arábia Saudita e dos Emirados declararam que a presença da Rússia na Opep+ é fundamental para o sucesso do grupo e que a aliança não deve ser desfeita.
"A volatilidade de hoje teria sido ainda pior se a Opep+ não estivesse unida e se não existisse", disse o príncipe Abdulaziz durante a conferência em Dubai.
Ele acrescentou que a comunidade internacional deve levar a sério os ataques contra a infraestrutura petrolífera no Golfo Pérsico. Em diversas ocasiões neste ano, a Arábia Saudita e os Emirados foram alvo de ataques do movimento Houthi de rebeldes que vivem no Iêmen e são apoiados pelo Irã. Na sexta-feira, integrantes do movimento lançaram mísseis e drones em vários locais na Arábia Saudita, causando um grande incêndio em um depósito de combustível em Jeddah.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA/ UDOP