A sessão é de queda para os principais índices mundiais, com os investidores embolsando os lucros recentes após a alta dos mercados no início de fevereiro.
Por aqui, o noticiário sobre o auxílio emergencial segue no radar, principalmente após a fala de Bolsonaro na véspera de que que o governo estuda renovar o auxílio emergencial por três ou quatro meses a partir de março, o que gerou maior cautela no mercado. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira que, para que o governo possa conceder novas parcelas do programa, é preciso que o Congresso aprove uma PEC de Orçamento de Guerra que, a exemplo do que ocorreu no ano passado, o autorize a liberar as despesas sem ferir parâmetros fiscais como a regra de ouro e o teto de gastos.
Nesta sexta, atenção ainda para a prévia do PIB de 2020 com a apresentação dos números do IBC-Br do Banco Central, com os dados de dezembro e do acumulado do ano passado. A temporada de balanços também é movimentada, com destaque para Banco do Brasil e Renner.
Vale ressaltar ainda que a B3 ficará fechada na segunda e na terça-feira, mesmo sem o feriado de Carnaval, o que pode elevar o movimento de cautela para os investidores no Brasil. Confira os destaques:
1. Bolsas mundiais
As bolsas europeias recuam nesta sexta-feira (12). Investidores acompanham dados sobre a economia e a aceleração do ritmo de vacinações contra a covid-19.
Dados oficiais publicados na sexta indicam queda de 9,9% na economia do Reino Unido em 2020, a maior queda desde o início dos registros modernos. Mas os dados indicam que, nos últimos três meses de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido teve alta de 1%, apesar da imposição de novas medidas de lockdown em um esforço para desacelerar a propagação do coronavírus.
O banco central da Rússia deve anunciar sua decisão sobre a taxa de juros mais tarde. Espera-se que o país mantenha as taxas de empréstimos a níveis baixos.
Investidores também acompanham a fala do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. Em um fragmento de entrevista publicado no site de sua pasta na manhã desta sexta, Lavrov foi questionado se a Rússia caminhava para uma ruptura com a União Europeia.
O ministro respondeu: “nós partimos do fato de que estamos prontos [para isso]. Caso novamente vejamos sanções para determinados setores que representem riscos para nossa economia, incluindo as esferas mais sensíveis (…) Nós não queremos nos isolar da vida global, mas devemos estar prontos para isso. Se você quer paz, então prepare-se para a guerra”.
A fala ocorre em um momento em que Alexei Navalny, líder da oposição a Vladimir Putin, está preso no país, levando a protestos de setores políticos da União Europeia.
Investidores continuam a acompanhar a divulgação de resultados. A ação da loteria francesa FDJ teve alta de 5,9%, liderando o índice Stoxx 600 mais cedo. O mesmo índice tem, no entanto, quedas de cerca de 0,4% pela manhã, com o setor de recursos básicos liderando as perdas, com recuo de cerca de 1,3%. A empresa francesa de estoque e distribuição de petróleo Rubis teve queda de mais de 5%, após divulgar seus resultados.
O banco Dinamarquês ING Goep e a empresa suíça de metais e mineração Boliden tiveram, no entanto, altas de mais de 4%, após divulgarem bons resultados para o quarto trimestre.
Nos Estados Unidos, índices futuros tiveram quedas nas negociações de overnight, indicando tendência de que as bolsas americanas fechem a semana com ganhos modestos, após uma forte série de altas no início de fevereiro.
Na quinta, parlamentares democratas que conduzem o processo de impeachment contra Trump encerraram suas falas, concluindo que o ataque ao Capitólio, sede do poder Legislativo americano, seria a culminação de uma Presidência marcada por mentiras e por uma retórica violenta. Eles afirmam que Trump continuaria a ser uma ameaça a política americana, caso não sofra impeachment e perca o direito de manter um cargo político.
Nesta sexta, mercados na China e na maior parte do Sudeste Asiático estão fechados por conta do feriado do Ano Novo Lunar. Os mercados chineses de títulos, comércio exterior, commodities futuras devem continuar fechados até 17 de fevereiro.
O principal índice acionário do Japão interrompeu rali de quatro sessões nesta sexta-feira, recuando de uma máxima de mais de 30 anos atingida na sessão anterior diante da realização de lucros, mas ganhos na Toyota Motor e ações de chips limitaram as perdas.
Confira o desempenho dos principais índices às 7h40 (horário de Brasília):
Estados Unidos
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,21%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,14%
*Dow Jones Futuro (EUA), -0,19%
Europa
*Dax (Alemanha), -0,58%
*FTSE 100 (Reino Unido), +0,02%
*CAC 40 (França), -0,03%
*FTSE MIB (Itália), +0,03%
Ásia
*Nikkei (Japão), -0,14% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), não abriu
*Kospi (Coreia do Sul), não abriu
*Shanghai SE (China), não abriu
Commodities e bitcoin
*Petróleo WTI, -0,67%, a US$ 57,85 o barril
*Petróleo Brent, -0,56%, a US$ 60,8 o barril
*Bitcoin, +4,77%, a US$ 47.469,56
2. Agenda de indicadores
Nesta sexta é divulgada a revisão do Índice de Preços ao Produtor nos Estados Unidos. Às 12h, a Universidade de Michigan divulga dados sobre inflação, o sentimento quanto à economia, as condições atuais e expectativas nos Estados Unidos, relativos a fevereiro.
Às 7h são divulgados dados sobre produção industrial, relativos a dezembro na União Europeia.
Às 8h é divulgado o índice de inflação IGP-10, da FGV, relativo a fevereiro no Brasil.
Mas o grande destaque fica para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central de dezembro de 2020, que será divulgado às 9h. De acordo com o consenso Bloomberg, a estimativa é de alta de 0,4% na comparação mensal e de alta de 0,9% frente mesmo mês de 2019.
3. Bolsonaro e auxílio emergencial
O presidente Jair Bolsonaro demonstrou irritação com o mercado financeiro, que apresenta instabilidade nos últimos dias com o temor de que a prorrogação do auxílio emergencial e os planos de reduzir impostos sobre combustíveis desrespeitem pilares macroeconômicos como o teto de gastos, a regra de ouro e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Nós queremos tratar da diminuição dos impostos num clima de tranquilidade e não num clima conflituoso no Brasil. E o pessoal do mercado, qualquer coisa que se fala aqui, vocês ficam aí irritadinhos na ponta da linha, né. Sobe dólar, cai a bolsa”, afirmou, em sua live semanal nas redes sociais.
“Pessoal, se o Brasil não tiver um rumo, todo mundo vai perder. Vocês também, pô. Então vamos deixar de ser irritadinhos que não vai levar a lugar nenhum. A gente está buscando soluções. Uma das maneiras de nós diminuirmos o preço do combustível é se o dólar cair aqui dentro. Mas qualquer negocinho, qualquer boato na imprensa, está aí esse mercado nosso, irritadinho. Aí sobe o dólar. Todo mundo perde com isso, pessoal”, acrescentou.
Mais cedo, na véspera, Bolsonaro afirmou que o governo estuda renovar o auxílio emergencial por três ou quatro meses a partir de março, e voltou a defender a necessidade de se fazer isso com “responsabilidade fiscal”. “Está quase certo, ainda não sabemos o valor, com toda certeza, a partir… com toda certeza, pode não ser, né, a partir de março, 3, 4 meses, isso está sendo acertado, com o Executivo, e com o Parlamento também, porque temos que ter responsabilidade fiscal”, disse Bolsonaro em rápida entrevista após evento em Alcântara (MA).
Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira que, para que o governo possa conceder novas parcelas do auxílio emergencial aos mais vulneráveis afetados pela pandemia da Covid-19, é preciso que o Congresso aprove uma PEC de Orçamento de Guerra que, a exemplo do que ocorreu no ano passado, o autorize a liberar as despesas sem ferir parâmetros fiscais como a regra de ouro e o teto de gastos.
O ministro afirmou que o governo pode pagar um valor de cerca de R$ 250 por um período de três ou quatro meses sem estabelecer gatilhos para conter outras despesas. Caso a pandemia se prolongue por mais tempo, contudo, será preciso compensar eventuais gastos adicionais com medidas de ajuste.
4. Nova variante de coronavírus e fala de Pazuello ao Senado
O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de quinta (11), o avanço da pandemia em 24 h no país.
A média móvel de mortes em 7 dias foi de 1.073, alta de 1% frente ao patamar registrado 14 dias antes. Em apenas um dia houve 1.452 mortes, o terceiro maior registro de mortes em 24 horas desde o início da pandemia.
A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 45.504, queda de 13% frente ao período encerrado 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 53.993 casos.
Até o momento, 4.584.338 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 2,16% da população brasileira. A segunda dose foi aplicada em 108.735 pessoas, ou 0,05% da população, em Amazonas, Alagoas, Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e no Distrito Federal.
Na quinta-feira, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que o Instituto Adolfo Lutz, vinculado a sua pasta, já confirmou seis casos de contaminação com a nova variante brasileira do coronavírus, encontrada inicialmente no Amazonas, conhecida como P1. Outros três casos foram confirmados por laboratórios privados, totalizando, portanto, nove casos.
Também na quinta, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello falou ao Senado, prestando esclarecimentos sobre o colapso no sistema de Saúde do Amazonas e outras questões ligadas à pandemia. Em pronunciamento inicial no plenário, o general afirmou que análise realizada por técnicos de sua pasta indica que a variante amazônica do coronavírus é ao menos três vezes mais contagiosa do que o vírus original.
Ele alegou que “as vacinas têm resultado com essa variante”, sem detalhar, no entanto, quais imunizantes teriam demonstrado eficácia ou quais testes teriam sido realizados. Na segunda (8), o Instituto Butantan afirmou que ainda está testando a vacina CoronaVac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, contra a nova variante encontrada no Amazonas.
O general Pazuello também prestou esclarecimentos sobre a atuação do governo federal sobre a crise de saúde no estado. Ele afirmou que relatórios da Força Nacional do SUS de 8 de janeiro não teriam indicado falta de oxigênio, mas de “rede de gases” em Manaus.
Pazuello afirmou: “Rede de gases são os tubos de gases e não o oxigênio que vai dentro. Pressurização entre o município e o estado é regulação entre um e outro”.
Em resposta, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) afirmou: “Desculpe-me, esse relatório que falou de rede pressurizada entre município e estado com relação a oxigênio —essa rede não existe, ministro, essa rede não existe. Portanto, não é possível dizer que a falta de oxigênio no Amazonas foi em função de falta de pressão entre redes inexistentes. Isso não é verdade”.
5. Radar corporativo
A temporada de resultados segue no radar dos investidores. Em destaque, o Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,695 bilhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 20,1% ante igual período de 2019. Em relação ao trimestre anterior, contudo, houve expansão de 6,1%. A melhora no fim do ano, porém, não foi suficiente para evitar que a instituição terminasse 2020 com queda no lucro acumulado, de 22,2%, para R$ 13,884 bilhões.
Já a varejista de moda Lojas Renner teve queda no lucro do quarto trimestre, uma vez que suas vendas seguiram afetadas por restrições para conter um repique na pandemia de Covid-19. A companhia anunciou nesta quinta-feira que seu lucro líquido de outubro a dezembro somou 354 milhões de reais, queda de 31% no comparativo com igual etapa de 2019. Cesp, Multiplan, Biosev, Sanepar e Engie também apresentam seus números do quarto trimestre.
Além da temporada de resultados, a Vale informou que seu conselho de administração aprovou propostas de incorporação pela empresa da Companhia Paulista de Ferro Ligas e da Valesul Alumínio. Também foi aprovada a cisão parcial da Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), com incorporação da parcela cindida pela Vale, acrescentou a companhia, em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários.
A sexta-feira ainda marca o início da negociação das ações da Oceanpact e a precificação de IPO da CSN Mineração.
Fonte: InfoMoney