Com 600 milhões de hectares de cana, o Paraná estima colher 34 milhões de toneladas na safra atual. Entretanto, a estiagem pode alterar a previsão e prejudicar a colheita da cana no estado, segundo a Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar).
De acordo com o presidente da associação, Miguel Tranin, o prejuízo também deve impactar a produção de açúcar e etanol no estado.
“No ano passado, nós tivemos um período longo de seca no Paraná que permitiu que a cana não crescesse tão bem. Estamos agora, praticamente 70, 80 dias sem chuva na região produtora de cana do estado”, relata e segue: “Isso nos traz hoje uma perda provável de 6%, podendo chegar até 10% da produção do estado. Nós perderíamos em torno de três milhões de toneladas de cana, sendo proporcional no açúcar e no etanol”.
Se não houver esta redução, o estado espera produzir 2,5 milhões de toneladas de açúcar, sendo que 90% desse total é enviado para o mercado internacional. O Paraná estima ainda uma produção de 1,4 bilhão de litros de etanol, segundo a Alcopar.
Preço de mercado
Apesar da previsão de perdas na safra, os preços, que são regulados pelo mercado internacional e a variação cambial, estão em alta.
“O preço leva em conta as variações do preço do petróleo, hoje, na faixa de 80 dólares. Então a tendência é acompanhar esse cenário de mercado, mas eu acredito que se ele mantenha estável, até porque o grande gatilho do etanol é o preço da gasolina. Na hora em que o etanol chega a 70% do preço da gasolina, o consumidor já aprendeu que deve migrar”, explicou Tranin.
Nos postos, todos os combustíveis ficaram mais caros para o consumidor. Em Maringá, no norte do Paraná, o litro da gasolina chega perto dos R$ 5,70, e o etanol varia de R$ 4,49 a R$ 4,60 o litro. Nos últimos dias, o preço do etanol até baixou um pouco na bomba. Mesmo assim, o consumidor continua achando bem caro.
Outra reclamação dos consumidores está nos supermercados. O preço do açúcar, outro derivado da cana, está alto. Nos últimos 12 meses, o açúcar cristal, por exemplo, subiu mais de 21% para o consumidor.
Item da cesta básica, o cristal está chegando às prateleiras a quase R$ 15 o pacote de cinco quilos. O açúcar refinado não fica atrás. Segundo o IPCA, o produto subiu 18,96% em um ano. Um quilo custa até R$ 3,48, dependendo da marca.
O aumento no mercado interno ocorre porque o produto é item de exportação. Além de sofrer a variação do dólar, o consumo lá fora aumentou, segundo o presidente da Alcoopar.
“O açúcar, por ser uma commodity, é afetado pela produção mundial. De dois anos pra cá, houve uma recuperação do preço mundial, mais por quebra de produção a nível internacional do que exatamente a produção nacional”, coloca Tranin. “Essa estimativa, de uma possível quebra de safra no Brasil, também pode afetar e ainda tem a pandemia. Neste período, houve um aumento do consumo mundial de açúcar. Geralmente, o crescimento anual de consumo de açúcar é muito baixo, mas, hoje, se fala em 1%. Parece muito pouco, mas 1% do consumo mundial de açúcar é bastante significativo”.
Produção de cana nacional
Atualmente, o Brasil é o maior produtor de cana do mundo, com previsão de colher mais de 628 milhões de toneladas em 2021.
Nas usinas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a cana deve render 27 bilhões de litros de etanol e quase 39 milhões de toneladas de açúcar.
No caso do açúcar, o Brasil continua sendo o maior exportador. 40% da produção mundial sai das usinas brasileiras.
Com o início da nova safra, as vendas fora do país estão a todo vapor. Conforme a companhia, o país exportou quase 2 milhões de toneladas. O aumento foi de 25% em relação a março, que foi o mês do início da colheita.
Fonte: Nova Cana