Enfrentando uma das piores crises hídricas do século apenas seis anos após a última seca severa observada no país, a Copersucar trabalha com a perspectiva de uma safra “um pouco menor” de cana-de-açúcar na temporada 2021/22, iniciada em abril.
A previsão, de acordo com o diretor financeiro da companhia, deve-se ao fato de que os efeitos da falta de chuva sobre os canaviais serão menores do que em 2014, quando houve quebra de 4% na produção do Centro-Sul.
“A virada de 2020 para 2021 está sendo semelhante ao que aconteceu de 2013 para 2014. A diferença neste momento é que a condição econômica das usinas nos últimos três anos é bem melhor do que naquela época”, explicou Tomás Manzano em entrevista à Globo Rural em junho.
Na safra 2020/21, a companhia triplicou o seu lucro líquido, para R$ 375 milhões, resultado que Manzano atribui às boas condições do mercado e à rápida resposta das usinas às oscilações de mercado provocadas pela pandemia de covid-19 desde o ano passado.
“A queda de consumo que a gente teve em combustíveis no Brasil, entre 20% e 30% nos primeiros meses, voltou para patamares quase iguais ao período pré-pandemia no comparativo mensal e, no mercado de açúcar, o mundo demandou bastante o produto brasileiro”, recorda o executivo ao pontuar que os lucros obtidos se converterão em maiores investimentos nas lavouras, o que também deve reduzir o impacto da estiagem sobre a produção.
Já em relação à conversão da cana em açúcar e etanol, Manzano ressalta que a seca tende a aumentar o teor de açúcares totais recuperáveis o que, associado ao melhor manejo dos canaviais, também ajudará a reduzir as perdas esperadas para este ano.
“Isso compensa um pouco. Não chega a compensar toda a quebra de cana, mas ajuda a compensar parte disso”, pondera o executivo ao destacar o uso de novas variedades de cana, mais resistentes à seca, como parte desse processo.
“A gente vinha em uma curva de envelhecimento médio do canavial e, com a recuperação do poder econômico das usinas, elas voltaram a renovar o canavial de forma mais consistente e a gente já está numa curva de rejuvenescimento da idade média dos canaviais E isso, inclusive, tende a se acentuar para o ano que vem porque continua-se numa situação muito boa de mercado”, conclui Manzano.
Fonte: Globo Rural