Petrobras reduz diesel, que cai 13% desde agosto

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Petrobras reduz diesel, que cai 13% desde agosto

20/09/2022

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Transformada em bandeira do presidente Jair Bolsonaro na campanha pela reeleição, a queda nos preços dos combustíveis tem mais uma rodada a partir de hoje, com o novo corte no diesel anunciado ontem pela Petrobras. A estatal vai reduzir o preço de venda do derivado nas refinarias às distribuidoras de R$ 5,19 para R$ 4,89 por litro, diferença de R$ 0,30, o que corresponde a uma queda de 5,78%.



Especialistas afirmam contudo que, a despeito da proximidade das eleições, a decisão tem fundamento técnico, e acompanha o comportamento do petróleo no mercado. Ontem, no contrato para novembro, a cotação do Brent, referência internacional, situou-se em US$ 92 por barril, abaixo dos US$ 130 atingido no primeiro semestre do ano depois da eclosão da guerra na Ucrânia. A queda da commodity se explica pelos temores com uma recessão global.



Em viagem ao Reino Unido para o funeral da rainha Elizabeth II, Bolsonaro gravou um vídeo compartilhado em redes sociais dizendo que os preços da gasolina naquele país são quase o dobro da média de alguns Estados no Brasil. A comparação é questionada por especialistas por não considerar outros efeitos como a paridade do poder de compra no Reino Unido e no Brasil.



Em nota, ao anunciar o corte no diesel, a Petrobras afirmou: "Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio."



Segundo a Petrobras, considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da estatal no preço ao consumidor vai cair de R$ 4,67, em média, para R$ 4,40 por litro.



Entre integrantes da campanha de Bolsonaro, a expectativa é a de que a Petrobras continue a produzir boas notícias a cada semana até a conclusão da disputa eleitoral. Isso porque, além do efeito no bolso dos consumidores, notícias sobre a redução de preços dos combustíveis têm sido utilizadas pelo presidente em atos da campanha e para a produção de conteúdo em peças de propaganda.



Na avaliação de aliados do presidente, o movimento decisivo para viabilizar esse cenário foi dado com a troca do comando da estatal. Caio Paes de Andrade assumiu como CEO da Petrobras em 27 de junho e nos meses seguintes houve retração gradual nos preços do petróleo, o que contribuiu para o objetivo do governo de baixar os combustíveis.



A redução no diesel, anunciada ontem pela Petrobras, é a terceira desde o começo de agosto. No período, o combustível acumula queda de 12,84%. O último corte da estatal no produto havia sido em 12 de agosto, de 4,07%. A companhia intensificou os anúncios de baixa nos preços dos combustíveis a partir de julho, com periodicidade quase semanal. Houve diminuições recentes na gasolina, no querosene e na gasolina de aviação e no asfalto. Na semana passada, a empresa reduziu o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha.



Ontem pela manhã, antes do anúncio, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calculava que o preço do diesel vendido pela Petrobras estava, em média, 10% acima da paridade internacional, com espaço para uma queda de R$ 0,47 por litro. "O valor da redução da Petrobras foi justo. Esperamos que a companhia continue a praticar preços alinhados ao mercado internacional. Isso é muito importante, considerando que o Brasil depende de importações para atender a demanda", disse o presidente da Abicom, Sérgio Araújo.



O executivo não vê risco de desabastecimento nem generalizado, nem iminente de diesel. No primeiro semestre, havia incertezas sobre a capacidade de o Brasil conseguir manter as importações para atender à demanda doméstica, que não consegue ser suprida apenas pelas refinarias nacionais.



Para o Credit Suisse, a Petrobras busca acompanhar a tendência de queda nos preços no mercado internacional. Em relatório, o Goldman Sachs destacou que, desde o último reajuste da Petrobras, os preços do diesel no golfo do México americano recuaram cerca de 6%. O banco estima que, com o reajuste de hoje, os preços do diesel no país ainda estão 7% acima do verificado no golfo. A consultoria StoneX calculava, no fim da tarde de ontem, que, mesmo após a redução nos preços, a Petrobras ainda teria espaço para corte de mais 6,2% no diesel, equivalente a R$ 0,31 por litro, em média.



"A Petrobras tem sido justa. O mercado de diesel está volátil, mas na semana passada os preços internacionais caíram muito, o que abriu espaço para esse reajuste. No diesel, a lógica da companhia parece ser na linha de realizar reajustes espaçados e parciais", diz o consultor em gerenciamento de risco da StoneX, Pedro Shinzato.



Para o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbertman, a queda do preço do óleo diesel nas refinarias da Petrobras era esperada. A decisão da empresa de não zerar a diferença com os preços internacionais pode estar relacionada à relação ajustada entre oferta e demanda do produto no mercado global.



Na avaliação da pesquisadora do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Carla Ferreira, há disposição da empresa em promover uma redução mais forte dos preços, no contexto do calendário eleitoral. Ferreira salientou que os preços do diesel se aproximam do patamar de maio, quando o litro do combustível era de R$ 4,91, embora ainda esteja acima dos R$ 3,34 por litro registrados no começo do ano.


Fonte: Valor Econômico
Extraído de UDOP

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