Pré-sal caipira: o futuro sustentável da mobilidade e da energia elétrica passa pelo agro paulista

Notícias do Mercado

Notícias do Mercado

Pré-sal caipira: o futuro sustentável da mobilidade e da energia elétrica passa pelo agro paulista

20/10/2022

Compartilhe:

Nunca antes os preços do petróleo – um combustível de origem fóssil, conhecido como o ouro negro – e seus derivados tiveram tanta oscilação. Dias após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a Covid-19 uma pandemia, em março de 2020, os futuros do óleo do tipo Brent – valor de referência mundial, inclusive para a Petrobras – atingiram a marca que poucos imaginavam, negativa, em cerca de – US$ 37 o barril. 

 

Ou seja, o vendedor que detinha o produto teve que pagar para o comprador levar o barril. No final de fevereiro deste ano, mais surpresa. Com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços do óleo deram início a uma disparada. O pico foi no início de março, com os preços em pouco mais de US$ 127 o barril. Atualmente, os preços estão em cerca de US$ 90 o barril para o Brent e US$ 85 para o WTI.

 

Essa gangorra impactou os produtos de energia no mundo todo, com impacto sobre a inflação e temores de desaceleração econômica. Combustíveis caros, impacto na indústria, inclusive de fertilizantes, e a possibilidade de a Europa não ter gás ou ter que pagar bem mais caro pela calefação durante o inverno são alguns dos exemplos de como a dependência dos combustíveis fósseis pode impactar as nossas vidas.

 

As oscilações inesperadas no mercado do petróleo nos últimos tempos renovaram as ideias por uma matriz energética mais renovável, que há décadas é perseguida globalmente, gerando oportunidades ao Brasil, inclusive.

 

“A dependência da Europa sobre o petróleo russo e os derivados daquele país vai estimular que o continente busque cada vez mais energias renováveis, obviamente que não nesse primeiro momento, porque não se constrói usina nuclear do dia para a noite, mas eles devem focar sim em usinas nucleares, eólicas e solares, além é claro, de biocombustível. Eu diria que esse é um caminho sem volta e o Brasil, obviamente, tende a se beneficiar desse quadro”, explica Thiago Davino, analista da Agrinvest Commodities.

 

Ainda de acordo com o analista, investimentos nesse sentido, que estavam parados, já começaram a ser retomados, além de novas construções. “O Brasil tem uma posição privilegiada na questão da transição energética, principalmente quando a gente olha tecnologias de combustíveis, do etanol e outros biocombustíveis”, ressalta Davino.

 

Diante de todo esse cenário, com as oportunidades e inovações do setor sucroenergético que já são realidade e as que ainda estão por vir, em um comparativo com a descoberta do pré-sal na década passada, reserva do óleo de origem fóssil que passou a representar um novo potencial petrolífero para o país, as iniciativas sucroalcooleiras e energéticas no interior paulistas têm sido chamadas de pré-sal caipira, segundo Paulo Montabone, diretor da Fenasucro & Agrocana, a maior feira de bioenergia do mundo.

 

"Hoje, além do que tradicionalmente já fazem, as usinas de cana-de-açúcar podem produzir o biogás [biocombustível produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos]. Elas vão se ligar diretamente aos gasodutos já existentes. Então vamos ter um mix de oferta muito maior, diminuindo custo e trazendo soluções ambientalmente corretas. O futuro de nossas gerações terá um céu mais limpo, com menor emissão de CO2”, destaca Montabone.

 

“Além disso, já falamos de eletrificação de veículos através do etanol [biocombustível fomentado a partir de 1975 no país com o programa Pró-álcool e que hoje é vendido, inclusive, como substitutivo da gasolina]. Essas e outras inovações que estão dentro do escopo da transição energética vão fazer com que os investimentos sejam cada vez maiores e que a gente consiga exportar tecnologias que nós já somos protagonistas", ressalta Montabone.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

MAIS

Notíciais Relacionadas