Por conta de produções de açúcar mais firmes nos principais países, os analistas do setor projetam um superávit para o ciclo global 2022/23 (outubro a setembro). Conforme números de cinco companhias, a média expressa uma produção acima do consumo em 3,68 milhões de toneladas. As informações foram divulgadas durante a Conferência NovaCana.
O valor já é maior do que o obtido pelo portal em levantamento de junho. Naquela sondagem, as 15 empresas consultadas previam um superávit médio de 1,35 milhão de toneladas.
Dentre as empresas analisadas, a S&P Global Platts foi a que visualizou o maior superávit para a temporada 2022/23, estimando 4,34 milhões de toneladas. A produção crescente é puxada principalmente por Brasil, Tailândia e Rússia.
“Uma estimativa preliminar para 2023/24 – ainda é distante e muita coisa pode acontecer – é de um novo superávit de 3,3 milhões de toneladas. Mas não vemos todo esse excedente disponível para mercado”, destaca a analista de açúcar da Platts, Luciana Torrezan.
A StoneX apresentou o segundo maior número, com 3,88 milhões de toneladas. O analista de inteligência de mercado Filipe Cardoso corrobora com Torrezan e diz que a produção brasileira contribui para o saldo positivo. Com isso, a consultoria começa a visualizar uma folga para os estoques globais de açúcar.
Já a Sucden espera um superávit de 3,7 milhões de toneladas para a temporada global 2022/23. A trading também acredita que isso não é motivo de preocupação, seguindo positiva para o mercado.
“Até o final do primeiro semestre de 2023, o mercado continuará bastante apertado e, a partir do segundo semestre, talvez haja uma preocupação menor, caso se configure uma safra maior para o Brasil e em outras grandes origens”, destaca o gerente comercial da Sucden Brasil, Ulysses Carvalho.
Por sua vez, a expectativa mais baixa de superávit é da Czarnikow, com 3 milhões de toneladas para 2022/23. O diretor da empresa, Tiago Medeiros, explica que boa parte do superávit previsto é gerado por países em que o volume não é necessariamente disponibilizado ao mercado, como é o caso da Índia.
“Não significa oferta. Pode ser aumento de estoques em países em que o açúcar fica empoçado e acaba não sendo destinado ao mercado internacional. Acreditamos que, se tivéssemos previsões para 2024/25 e 2025/26, teríamos déficits”, destaca.
Enquanto isso, para o ciclo que se acaba, o 2021/22, a visão das cinco empresas oscila entre déficit e superávit. Com isso, na média, elas esperam que a produção sobressaia a demanda em somente 970 mil toneladas.
A visão mais superavitária é a da Czarnikow, com 6,1 milhões de toneladas, enquanto o banco BTG Pactual enxerga o maior déficit, com 1,9 milhão de toneladas.
“A gente vem de dois ciclos bastante prejudiciais, trabalhando em patamares negativos em 2019/20 e 2020/21, porém esse cenário se inverte em 2021/22 com um saldo positivo de 340 mil toneladas”, detalha Cardoso, da StoneX. A produção vem de ganhos na Índia, na Tailândia e no Paquistão, que acabaram favorecendo o saldo positivo.