Na última semana, o etanol conseguiu engatar uma sequência de três reduções consecutivas em seus preços nos postos brasileiros. Já a gasolina, após dez semanas seguidas de aumento e uma de queda, voltou a subir nas bombas.
O biocombustível custou, em média, R$ 4,274 por litro no período entre 4 e 10 de julho. O valor sofreu uma queda de 0,37% ante a semana anterior, quando o renovável foi comercializado R$ 4,290/L. A gasolina, por sua vez, teve um aumento de 1%, passando de R$ 5,686/L para R$ 5,743/L.
Os valores correspondem ao levantamento semanal realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A reduções consecutivas vêm fazendo o etanol recuperar certa competitividade. No período analisado, o renovável foi comercializado por um valor equivalente a 74,4% do custo do correspondente fóssil; na semana anterior, o índice era de 75,4%.
Entretanto, as retrações ainda não têm sido suficientes para que o renovável fique dentro do limite comercialmente estabelecido, de 70%, uma vez que o valor da gasolina tem registrado certa estabilidade e as quedas do etanol não são tão acentuadas. Assim, Mato Grosso segue sendo o único estado em que o biocombustível é economicamente vantajoso.
É importante reiterar que estas comparações não são exatamente precisas, já que o levantamento dos preços de combustíveis não está sendo realizado em todas as cidades brasileiras.
Na semana analisada, foram levantados os dados de postos de 321 municípios, 11 a mais do que no período anterior. Desta forma, a comparação semanal segue comprometida, uma vez que o número de localidades pesquisadas muda a cada análise.
Variações nos estados
De 4 a 10 de julho, os preços do etanol nos postos subiram na média de 11 estados e no Distrito Federal, caíram em 13, tiveram estabilidade no Maranhão e não foram analisados no Amapá. Já a gasolina teve alta em 19 unidades da federação.
Nas usinas de São Paulo, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, o etanol teve um aumento semanal de 3,16%, para R$ 2,9235/L. Ainda assim, houve uma retração de 0,61% nos postos, a maior dentre os seis estados que mais produzem o biocombustível, que custou R$ 4,070/L na média semanal. Já a gasolina foi vendida aos consumidores a R$ 5,422/L, um aumento de 0,63%.
Neste caso, a diminuição do preço do combustível renovável combinada com o aumento do fóssil melhorou a competitividade do etanol, que custou o equivalente a 75,1% da gasolina, ante os 76% ante do período anterior. Ainda assim, o biocombustível segue economicamente desfavorável no estado. A pesquisa foi feita em 105 cidades, uma a mais do que na semana anterior.
Já em Goiás, o etanol foi vendido a R$ 4,247/L na média da semana analisada, um leve aumento de 0,02%. Na semana, a gasolina também passou por crescimento, de 0,89%, deixando a relação de preço entre os combustíveis em 71,8%. No estado, a pesquisa chegou a 11 cidades, três a menos que no período anterior.
Por sua vez, Minas Gerais teve uma retração no preço médio do etanol de 0,35%, ficando em R$ 4,298/L. A gasolina, por sua vez, sofreu aumento de 1,4% e foi negociada a R$ 5,951/L, em média. Com isso, o renovável custou 72,2% do preço do fóssil no estado, um resultado mais favorável que o da semana anterior. No total, 31 municípios mineiros participaram da pesquisa, quatro a mais no comparativo semanal.
Mato Grosso segue detendo o preço médio mais baixo para o renovável dentre todos os estados, mas o aumento de 0,95% no período mais recente fez com que ele superasse a marca dos R$ 4. O renovável foi vendido a R$ 4,028/L, enquanto a gasolina teve um aumento de 2,31%, passando a custar R$ 5,843/L. Desta forma, a competitividade do renovável melhorou, passando a representar 68,9% do preço do fóssil. Esta é a segunda semana consecutiva em que o etanol é vantajoso no estado, após sete não sendo competitivo. A ANP fez a pesquisa em seis municípios mato-grossenses, a mesma quantidade do período anterior.
Em Mato Grosso do Sul, o valor do etanol teve uma retração de 0,36%, sendo vendido a R$ 4,488/L – o maior preço para o biocombustível dentre os seis estados que mais o produzem. A gasolina também sofreu um aumento no preço, de 0,31%, ficando em R$ 5,761/L. Assim, o biocombustível passou a custar o equivalente a 77,9% do preço de seu concorrente fóssil, pouco abaixo do patamar visto uma semana antes. Somente Campo Grande, Corumbá e Dourados participaram do levantamento.
Por fim, o Paraná segue apresentando a mais alta relação entre os preços dentre os seis maiores produtores de etanol do país, com 78,61%. Ainda assim, houve uma pequena melhora no comparativo semanal, pois o preço do etanol teve uma diminuição de 0,45%, sendo vendido por R$ 4,288/L na média estadual; já a gasolina teve um aumento de 1%, ficando em R$ 5,455/L. No total, 19 cidades foram pesquisadas no estado, mesma quantia que uma semana antes.
Os preços do etanol e da gasolina por região, estado ou cidade desde 2018 estão disponíveis na planilha interativa (exclusiva para assinantes). Também estão disponíveis gráficos avançados e filtros interativos sobre o comportamento dos preços.
Comparação comprometida
Após mais de dois meses em pausa, o levantamento de preços nos postos voltou a ser realizado semanalmente no final de outubro de 2020. Ainda assim, as comparações entre as análises não são precisas, já que o número de municípios pesquisados vem mudando semanalmente, conforme já era previsto pela ANP.
Entre 4 e 10 de julho, 321 cidades foram pesquisadas, 11 a mais do que no período anterior. O levantamento inclui todas as capitais dos estados brasileiros. Algumas localidades deixaram de participar no comparativo semanal, mudando o número de municípios de alguns estados.
Apesar da progressão no número de cidades, o total está abaixo do objetivo divulgado pela ANP: 459. A agência vem demonstrando dificuldades em cumprir com o esperado em relação ao levantamento desde a pausa, quando tinha uma expectativa de data de retomada que não foi atingida e atrasou mais de um mês.
Com este retorno gradual, os números seguem não correspondendo à média dos postos dos estados como ocorria antes da pausa. A comparação semanal também deve ser observada com cautela, já que a amostra pode aumentar ou diminuir semanalmente.
Fonte: NovaCana