O setor de açúcar da Europa comemorou o plano anunciado ontem pela Comissão Europeia que busca a independência energética do bloco, o que inclui acelerar a implantação de energias renováveis. Para a UE, a nova realidade geopolítica e do mercado de energia obrigam a uma aceleração radical na transição para uma energia limpa.
No plano, o biometano é reconhecido como alternativa sustentável ao gás natural. A UE estabeleceu a meta de quase dobrar, para 35 bilhões de metros cúbicos, a produção de biometano até 2030, ante os 18 bilhões de m3 de biogás produzidos em 2020. O financiamento será maior para o biometano feito com fontes sustentáveis de biomassa, incluindo resíduos agrícolas.
Para o Comitê Europeu de Fabricantes de Açúcar (Cefs), a decisão não poderia ser mais oportuna. Os preços do gás no atacado da UE subiram 14 vezes desde dezembro de 2020. Com a guerra da Rússia na Ucrânia, os preços mais do que triplicaram nas duas últimas semanas. O setor do açúcar quer ser reconhecido como prioritário para receber ajuda financeira e reduzir o impacto da alta dos custos de energia e da possível escassez de gás.
A Cefs alega que a produção de açúcar já está sob forte pressão do aumento do gás. A indústria de açúcar de beterraba da UE é intensiva em energia, que representa 20% dos custos de fabricação da commodity. Na safra 2022/23, espera-se que a energia tenha o maior peso no custo em muitos países. E a expectativa é que os preços da energia sigam elevados e voláteis até o próximo ano.
Conforme o Cefs, nas fábricas de açúcar de beterraba da UE o biogás é um coproduto do processo de fabricação de açúcar, frequentemente obtido a partir da fração de biomassa das águas residuais - mas cada vez mais, também, a partir da fermentação da polpa de beterraba e outros resíduos sólidos. O biogás pode ser refinado e transformado em biometano para uso posterior. O preço do biometano sustentável é menor que o do gás natural.
Tanto o biogás quanto o biometano podem ser misturados ao gás natural nos sistemas de produção combinada de calor e energia das usinas de açúcar para reduzir a intensidade de carbono da eletricidade e do calor necessários para alimentar o processo de produção de açúcar.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA/ UDOP