Desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, no final de fevereiro, vários setores da economia já previam impactos a níveis globais. Um deles foi o sucroenergético, afinal, além de ser uma das grandes produtoras globais de petróleo, a Rússia também é uma importante exportadora de fertilizantes e uma das principais fornecedoras do Brasil.
Para completar, o comércio internacional de grãos também ficou comprometido no Mar Negro. Isso afeta a oferta e o preço do milho, importante matéria-prima para o etanol no cenário global.
Neste contexto de incertezas no mercado, o analista da área de pesquisa setorial do Rabobank, Bruno Fonseca, conversou com o estrategista do banco para a área de açúcar e etanol, Andy Duff, no podcast Foco no Agronegócio.
No programa, eles discutiram quais seriam os principais impactos da guerra, no curto e no longo prazo, para o setor sucroenergético, considerando que a próxima safra de cana-de-açúcar já está para começar.
Apesar de Rússia e Ucrânia serem considerados países autossuficientes na produção de açúcar, os analistas apontam que a guerra pode afetar a produção global do adoçante. Com os altos preços dos cereais e das oleaginosas, a beterraba e o açúcar podem perder área de plantio no próximo inverno do hemisfério norte.
Além disso, o mercado de petróleo pode manter a volatilidade vista atualmente, aumentando o preço da gasolina e, consequentemente, o do etanol. Assim, os produtores brasileiros podem priorizar a produção do biocombustível, diminuindo a fabricação de açúcar e, também, afetando os estoques internacionais.
Em outro ponto, a Rússia é uma das principais fontes de fertilizantes para o Brasil. Com as sanções impostas contra o país soviético, é possível que não haja produto suficiente para cobrir a demanda nesta safra, o que também poderá afetar a produção na temporada.
Desta forma, o conflito pode afetar diretamente o setor sucroenergético brasileiro, no curto e longo prazo.
Fonte: NovaCana