O dólar começou a semana em firme alta, voltando a operar acima de 5,65 reais, com a moeda brasileira mostrando o pior desempenho global, em dia de fluxo negativo e com operadores atentos a movimentações políticas relacionadas à pandemia, na antevéspera da decisão de política monetária dos bancos centrais no Brasil e nos Estados Unidos.
O dólar se manteve em rota ascendente nesta segunda-feira a despeito de novas intervenções do Banco Central, que injetou 500 milhões de dólares via swaps cambiais e 1,065 bilhão de dólares por meio de leilão de moeda spot.
Oferta de dólar no mercado à vista geralmente está associada a saída física de divisas. A Vale pagou nesta segunda-feira dividendos referente ao segundo semestre de 2020 no valor bruto de 4,262386983 reais por ação, o que daria mais de 20 bilhões de reais –ou mais de 3,5 bilhões de dólares à cotação atual.
Por ser uma das maiores empresas do país e uma gigante no setor de mineração, a Vale é um dos principais veículos para estrangeiros se posicionarem em Brasil.
No fim da sessão no mercado à vista, o dólar subiu 1,42%, a 5,6383 reais na venda, depois de variar entre 5,6576 reais (+1,77%) e 5,5319 reais (-0,49%).
Na B3, o dólar futuro ganhava 1,39%, para 5,6345 reais, às 17h20. O real destoou de seus principais pares emergentes, que se valorizavam entre 0,1% e 0,5% no fim do dia.
O mercado operou ainda as expectativas em relação à decisão do Copom, na quarta-feira. Há interpretações de que o Banco Central esteja reforçando as atuações no câmbio para evitar altas mais intensas nos juros.
Segundo analistas, sem um comunicado “hawkish” (duro com a inflação) após uma elevação de 0,50 ponto percentual nos juros –expectativa consensual no mercado–, o BC corre risco de abrir espaço para forte pressão contra o real, o que pioraria a percepção de contaminação dos preços pela depreciação cambial, elevaria a inflação e, por tabela, forçaria altas de juros além do previsto.
Mas investidores também têm mantido as atenções no noticiário sobre a pandemia e seus efeitos sobre as perspectivas para a economia e os mercados.
Os recordes sucessivos de mortes e casos diários de Covid-19 no país, que transformaram o Brasil no epicentro global da pandemia, têm exposto ao mundo problemas de gestão da pandemia pelo governo.
O governo federal ainda procura um substituto para o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apesar das negativas da equipe do ministro de que ele vá sair, e entre os nomes cotados a médica Ludhmila Hajjar afirmou nesta segunda-feira que rejeitou o convite alegando “principalmente motivos técnicos”.
“A pandemia ainda tem altos custos econômicos, sociais e de saúde, e todos eles sugerem que a recuperação econômica pode estagnar e que as contas fiscais e a dívida pública provavelmente permanecerão sob pressão”, disseram estrategistas do Société Générale.
“Isso significa um aumento nas vulnerabilidades macroeconômicas do Brasil e em prêmios de risco que eventualmente serão traduzidos em uma moeda mais fraca e curva mais inclinada”, acrescentaram.
O Société Générale prevê que o dólar fechará este ano em 6,40 reais.
Fonte: InfoMoney