Os estoques de etanol do Centro-Sul caíram 9,8pc na primeira metade de setembro na comparação anual, à medida que a safra de cana-de-açúcar chega a um fim adiantado, levantando preocupações quanto a uma oferta limitada no período de entressafra.
O estoque físico de etanol da região na atingiu 9,38 milhões de m³ em 15 de setembro, ante 10,41 milhões de m³ reportados no mesmo período do ano passado, quando as medidas restritivas impostas pela pandemia de Covid-19 impactaram a demanda por combustíveis. Os estoques cresceram 2pc em comparação com 2019. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A maior parte da queda na comparação anual continua impulsionada pelos estoques de etanol hidratado, que totalizaram 5,44 milhões de m³, redução de 24pc ante 2020. Já o etanol anidro ---usado na mescla da gasolina--- respondeu por 3,93 milhões de m³, alta de 24pc na base anual.
A produção acumulada da safra 2021-22 até agora, entre 1º de abril e 15 de setembro, totalizou 20,8 milhões de m³, 2,8pc abaixo do mesmo período do ano anterior.
A moagem acumulada de cana-de-açúcar até então alcançou 431 milhões de t, queda de 7pc sobre o valor apurado no mesmo período de 2020. Já a produção de açúcar totalizou 26,7 milhões de t, uma queda de 8pc na base anual.
Os números confirmam uma tendência observada no relatório quinzenal da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), de menor produção de etanol este ano, puxada pelo rendimento menor da safra no Centro-Sul. As condições climáticas desfavoráveis ??reduziram drasticamente a quantidade de cana-de-açúcar disponível para processamento na região, que é a principal produtora do biocombustível no país.
A colheita da cana-de-açúcar no Centro-Sul normalmente termina em meados de novembro, mas as usinas provavelmente encerrarão a moagem antes do fim de outubro. A expectativa da Unica é de que a produção de cana-de-açúcar na região chegue a 530 milhões de t, com viés de baixa, segundo levantamento realizado entre produtores. Queimadas recentes em algumas áreas de cultivo de cana levam alguns produtores a esperar uma safra ainda menor.
Além disso, os produtores do Centro-Sul vêm reequilibrando a produção para favorecer o anidro, dada a maior rentabilidade da gasolina sobre o E100 na bomba, gerando mais dúvidas quanto a uma oferta limitada de hidratado na entressafra.
Segundo a Unica, essa mudança na produção reduziu a capacidade dedicada ao hidratado no decorrer desse ano. As usinas também mantêm o foco na produção de anidro para honrar contratos de longo prazo, atendendo às exigências da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
PREÇOS FUTUROS DO ETANOL
No mercado spot paulista, os baixos níveis de estoque estão sustentando os preços do hidratado à medida que o Centro-Sul caminha para a entressafra. O biocombustível tem atingido recordes sucessivos na série histórica da Argus, iniciada em março de 2016.
Os resultados pessimistas apontados nos recentes relatórios da indústria provocam reações diversas no mercado. No entanto, todos projetam estoques de passagem mais baixos durante uma entressafra maior, como resultado dos estragos causados pela seca e por geadas.
Não há consenso sobre quando os preços do etanol atingirão seu pico. Alguns produtores estão procurando vender produto agora para aproveitar a janela atual de preços altos e consumo estável de combustível na bomba antes que os patamares caiam junto com a demanda. Outros estão estocando etanol até o final do ano para se beneficiar de possíveis preços futuros mais altos.
Fonte: O Petróleo