Sob risco de greve de caminhoneiros, estatal eleva preço do diesel e gasolina

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Sob risco de greve de caminhoneiros, estatal eleva preço do diesel e gasolina

26/10/2021

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Enquanto grupos de caminhoneiros ameaçam entrar em greve, a partir de 1º de novembro, em protesto contra a inflação do diesel, a Petrobras anunciou ontem aumento de 7% para o litro do diesel e de 9,15% para a gasolina, nas refinarias, a partir de hoje. O reajuste ocorre no momento em que a política de precificação da estatal, alinhada ao mercado internacional, completa cinco anos, neste mês, nos holofotes da pauta política.



Os reajustes refletem a valorização internacional do petróleo. O barril do tipo Brent ultrapassou a barreira dos US$ 80 e tem se mantido acima desse patamar desde o início do mês. A situação é agravada pela desvalorização do real.



A partir de hoje, o preço médio do litro da gasolina, nas refinarias, passa a ser negociado a R$ 3,19, alta de R$ 0,21. A última vez que a petroleira ajustou os preços do combustível nas refinarias havia sido em 8 de outubro, em 7,2%. No caso do diesel, o preço médio subiu R$ 0,28 o litro, para R$ 3,34. O último reajuste do derivado, de 8,9%, havia ocorrido em 27 de setembro.



A petroleira optou por não repassar integralmente as variações do petróleo e do câmbio. A consultoria Stonex calcula que a Petrobras reduziu pela metade a defasagem para a referência internacional. A companhia segue vendendo o litro do diesel R$ 0,28 abaixo do preço de paridade de importação (PPI). Na gasolina, essa diferença é de R$ 0,15 o litro. O Credit Suisse estima que a companhia está com preços 11% abaixo da paridade, em ambos os derivados.



A prática da petroleira de alinhar os preços dos combustíveis ao mercado internacional tem gerado queixas no meio político. Ao todo, os preços da Petrobras, nas refinarias, acumulam aumento de 65,5% no litro do diesel e de 74,8% na gasolina desde o início do ano, segundo o Valor Data.



Antes de dizer, ontem, que a inflação dos combustíveis "é uma realidade" e que não interferirá na estatal, o presidente Jair Bolsonaro fez reclamações constantes sobre os preços da petroleira e chegou a intervir na troca do comando da empresa. Nas últimas semanas, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cobraram da estatal uma solução para a alta.



De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), os preços do diesel, nas bombas, acumulavam alta de 34,15% no ano. Na gasolina, o aumento é de 39,34%. Pressionado politicamente, Bolsonaro anunciou, na semana passada, um auxílio para 750 mil caminhoneiros autônomos - que pedem mudanças na política de preços da Petrobras e ameaçam entrar em greve.



A gestão de Joaquim Silva e Luna tem reduzido o intervalo entre os reajustes e evitado repassar integralmente as oscilações. Mesmo assim, os preços praticados pela estatal continuam em alta. Desde que o general da reserva assumiu o comando, em abril, a Petrobras subiu em 20,6% o diesel e em 21,35% a gasolina nas refinarias.



A Petrobras esclareceu, em nota, que os ajustes são importantes para garantir que não haja riscos de desabastecimento. Para o consultor Gustavo Oliveira de Sá e Benevides, da GSB Consulting, as janelas para importadores privados segue fechada: "O aumento [da Petrobras] foi necessário, devido à discrepância que existia entre os preços domésticos e internacional, mas a paridade ainda não está sendo seguida completamente."


Fonte: Valor Econômico

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