Após operar de forma lateral por quase toda a semana, o mercado de açúcar teve forte alta nesta sexta-feira, com a tela de Mar’21 do NY#11 encerrando a sessão cotado a 16,42 c/lb, somando ganhos de 3,7% (ou 59 pontos) na semana. O rompimento de importante resistência nos 16,35 c/lb abre espaço técnico para suporte nos preços, com próximos níveis em 16,54 e 16,75 c/lb.
Tal valorização veio especialmente de notícias acerca das expectativas iniciais referentes à expiração do açúcar refinado contra Londres (tela Mar’21), que acontecerá no próximo dia 15. Por conta das dificuldades logísticas na Índia para escoar seu açúcar branco, e os cenários de quebra de safra ainda presentes na Tailândia e Europa, circula no mercado que players estão tomando posições compradas na bolsa a fim de receber açúcar, visto a dificuldade de encontrar produto no físico. Nesse tom, o contrato contínuo do refinado se valorizou mais de 4% na semana.
Entretanto, apesar da força altista observada ao longo da curva futura, vale ressaltar que hoje foi dado início ao período de rolagem dos fundos Index (devendo se estender até a próxima quinta-feira), evidenciado pela queda de 1 ponto no spread Mar’21-Mai’21 hoje, que encerrou cotado a 0,72 c/lb (queda semanal de 3 pontos), enquanto os spreads Mai’21-Jul’21 e Jul’21-Out’21 seguiram valorizados.
No mercado de combustíveis, se por um lado vimos suporte nos preços de hidratado ao longo desta semana, com indicações se mantendo entre R$ 2,62 e R$ 2,65/L em Ribeirão Preto-SP (com impostos), por outro, a Petrobras decidiu ampliar seu prazo máximo para cálculo de paridade dos combustíveis internacionais de 3 meses para 1 ano, como forma de evitar a volatilidade no repasse dos preços ao consumidor. Apesar disso na prática não significar que a estatal deixará de fazer ajustes constantes na gasolina A, por exemplo, tal decisão aumenta o risco da empresa “segurar” ajustes por mais tempo devido à motivações políticas, prejudicando o equilíbrio dos mercados, e podendo impor resistência às cotações do etanol.
Porém, esperamos ainda suporte nos preços do biocombustível ao iniciarmos a próxima semana, devido ao período de pico de entressafra, maior demanda compradora, revogação da fase vermelha no estado de São Paulo, volta às aulas em algumas regiões e andamento (ainda que mais lento) das vacinações no país.
No cenário macroeconômico, mesmo com dados positivos nos EUA e Europa favorecerem os ativos globais, o principal ponto de atenção se volta à situação doméstica. Apesar da eleição para presidentes da Câmara e Senado serem favoráveis ao governo federal, o Planalto deverá ter jogo de cintura nas negociações com os parlamentares na busca para aprovação de reformas sensíveis que aliviem a situação fiscal brasileira, ao passo que a inflação continua a subir e a economia vê lentidão em sua retomada. Com isso, a paridade USDBRL continua operando lateral entre R$ 5,30 e R$ 5,45, tendo suporte forte no piso desta faixa em meio a tais indefinições.
Fonte: StoneX