StoneX - Comentário Semanal (12/04 a 16/04)

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StoneX - Comentário Semanal (12/04 a 16/04)

19/04/2021

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Mais uma semana de emoções no mercado de açúcar, que renovou suas máximas, chegando a negociar no patamar mais elevado desde o final de fevereiro no caso das telas mais próximas em NY. Já os contratos entre out-21 e mai-23 renovaram suas máximas históricas. Mai-21 termina a semana em NY valendo 16,72 c/lb vs. 15,46 c/lb na sexta-feira anterior. Afinal o que aconteceu? E o que esperar daqui em diante?

 

Podemos destacar uma combinação de fatores entre os quais notamos pouca alteração substancial dos fundamentos de O&D. No campo dos fundamentos temos a geada na França, que poderá trazer um impacto negativo na safra do país da baguete, embora limitado em nossa visão. Outro elemento de suporte (que não é novidade) é a seca no Centro Sul, que persistiu até o fim da temporada de chuvas e deverá trazer prejuízos à disponibilidade de cana. A esse respeito antes de vermos o castigo do clima se refletir em números, principalmente no último terço da safra, poderemos ter um aumento expressivo na oferta nos próximos meses, em vista do clima seco, elevado ATR e mix bastante açucareiro. Ou seja, o aumento da produção de açúcar no curto prazo pode ser importante limitador para altas mais expressivas ou mesmo manutenção dos preços nos patamares atuais.

 

Contudo, destacamos outros elementos que podem estar por trás da alta do mercado, talvez com maior influência do que os fundamentos em si. São eles: (i) semana bastante favorável a ativos de maior risco no mercado financeiro (rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano cedendo abriram espaço para commodities em alta, índices acionários dos EUA batendo recordes históricos e moedas emergentes em queda), (ii) fundos especulativos ainda comprados aproveitando contexto para forçar o mercado para cima, sabendo que o setor comercial representa pouca pressão vendedora diante de sua precificação antecipada, (iii) momento técnico mais altista para o açúcar após o rompimento de resistências importantes, que levou ao acionamento de ordens de stop, que trouxeram o mercado mais para cima e também deixaram os fundos mais a vontade para voltarem às compras.

 

Embora o cenário macroeconômico possa continuar favorável aos ativos de risco, sabemos que os preços elevados não se sustentam por muito tempo sem fundamentos. E com os fundamentos atuais ainda não estamos convencidos de que o mercado tenha força para se sustentar por muito tempo. Destacamos: expiração mai-21 em Londres essa semana teve apenas 129 mil toneladas de entrega física. Além disso observamos o prêmio do branco mais enfraquecido como mais um sinal de que a demanda possa estar perdendo força. A demora na nomeação dos navios referentes a entrega da tela março no Brasil é outro elemento que pode sinalizar demanda fraca, ou alguma outra estratégia dos compradores. De todo modo destacamos que a aproximação do prazo final pode levar a um grande volume nomeado em pouco tempo, trazendo problemas logísticos, ainda mais num momento em que as exportações de soja estão recuperando o atraso, com o produto sendo escoado aos montes pelos portos brasileiros (fator importante para monitorarmos e que poderia pontualmente causar stress no mercado).

 

Do ponto de vista da oferta, sabemos que até o fim de março a Índia já exportou 3 MMT, sendo aproximadamente 0,5 MMT ainda referentes a açúcar do ciclo 2019-20, ou seja 2,5 MMT da safra nova, que tem programa para exportação de 6 MMT. Com os preços em torno de 100 pontos acima do break-even de exportação no país, é de se esperar mais produto indiano entrando no mercado nos próximos meses, somando aos grandes volumes do Brasil.

 

Por isso entendemos que a continuidade e sustentação do movimento de alta depende de fatos novos, por exemplo: problemas climáticos no hemisfério norte no período de desenvolvimento das safras que começarão a ser colhidas no segundo semestre e a manutenção de clima mais seco que a média no Centro Sul (mesmo que neste período chova tradicionalmente menos, as chuvas de outono e inverno são importantes para o plantio e desenvolvimento da cana). Sem novidades e passada a volatilidade associada a expiração da tela maio, poderemos voltar a ver o mercado de açúcar trabalhando em patamares mais baixos.

 

Com relação ao etanol, que teve o hidratado batendo R$ 3,20/l em Ribeirão essa semana, esperamos que o avanço mais vigoroso da colheita possa trazer preços para baixo, embora ainda com queda limitada pela demanda maior (interna e externa), oferta menor e gasolina valorizada. Começamos a safra com uma elevada participação do hidratado no consumo total do Ciclo Otto, o que reduz a necessidade de queda de paridade para atrair demanda. Usinas mais bem capitalizadas também devem contribuir para uma barrigada limitada e preços firmes ao longo da safra.

 

 

Fonte: StoneX

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